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quarta-feira, 19 de abril de 2023

 

 

O Barroco na América Portuguesa: Novos Olhares

Modelos iconográficos da deposição de Cristo e das Sibilas nas Minas Gerais do século XVIII: propaganda político-religiosa e persuasão na América Portuguesa

Maria Cláudia Almeida Orlando Magnani

Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri, Brasil

mariaclaudiamagnani@gmail.comhttps://orcid.org/0000-0003-0261-7023

As pinturas da Igreja de Nosso Senhor do Bonfim em Diamantina, Minas Gerais, Brasil, trazem um tema intrigante e único na colônia portuguesa da América: quatro sibilas contornando o quadro da deposição da cruz. As profetisas estão representada sem meio corpo, em quadros entre colunas paraníncas figurando cariátides, e sobre cada quadro, há um medalhão seguro por um querubim trazendo os seus nomes: Délca, Líbica, Frígia eTiburtina. Setecentistas, as pinturas foram atribuídas a Silvestre de Almeida Lopes, pintor nascido na colônia e que teria aprendido o ofício com o bracarense José Soares de Araújo

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1. MIRANDA, Selma Melo & SANTOS, Antônio Fernando Batista dos.

Artistas Pintores do Distrito Diamantino: revendo atribuições.

Comunicação apresentada ao Colóquio de História da ArteLuso-brasileira, Salvador, 1997.Fig. 1. Abóboda da Capela de Nosso Senhor do Bonfim em Diamantina. Fonte: Foto de Bernardo Magalhães, 2019.



Modelos iconográficos da deposição de Cristo e das Sibilas nas Minas Gerais do século XVIII- M. C. A. O. Magnani

Sobre o templo não foram identificados quaisquer documentos que nos pudessem informar sobre qual irmandade abrigava, quem seriam os irmãos, quando foi construído, quem seriam os responsáveis pelas pinturas, talhas, imaginária. A única menção ao templo encontrada no século XVIII está na documentação da irmandade de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos, hoje no AEAD – Arquivo Eclesiástico da Arquidiocese de Diamantina e citada por Machado Filho:

Os homens crioulos faziam parte da Irmandade de N. Senhora do Rosário dos Pretos. Dela, porém se desincorporaram e fizeram, esta Separação indeCorosamente Com palavras menos descentes dizendo ser esta hua irmde. De Negros“ ...Conseguiram, interinamente, para sua irmandade o altar do Senhor dos Passos na Capela do Senhor do Bonfim, onde, em 16 de janeiro de 1780,deram posse aos mesários, depois de estarem estabelecidos emSanto Antônio do Tijuco desde a data de 2 de settembro de 1772.

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Por este documento pode-se apenas inferir que a capela já existia no ano de 1780, uma vez que recebia então, temporariamente, os “homens crioulos” expulsos da Irmandade de Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos e que criaram a confraria de Nossa Senhora das Mercês. O quadro central com a deposição, contornado por quadratura, faz parte de uma totalidade na qual se misturam o tema sofisticado das sibilas, das figuras paraníncas e a técnica ilusionista da arquitetura fingida com a pintura quase naïf   do pintor colonial. Em Portugal como na colônia, a estrutura de falsa arquitetura não era realizada por um quadro escorçado, em perspectiva. O uso da perspectiva manteve aí uma função de narrativa historiada em contraposição ao espetáculo próprio da quadratura romana (como nas pinturas dos tetos feitas por...

2. MACHADO FILHO, Aires da Mata.

Arraial do Tijuco Cidade Diamantina 

. Belo Horizonte: LivrariaItatiaia; São Paulo: Edusp, 1980, p. 247

Maria Cláudia Almeida Orlando Magnani

Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri, Brasil

mariaclaudiamagnani@gmail.comhttps://orcid.org/0000-0003-0261-702


 

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