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sexta-feira, 16 de agosto de 2024

INAUGURAÇÃO DA PONTE DE MENDANHA

 

A INAUGURAÇÃO DA PONTE DO MENDANHA

Conforme fora anunciado, realizou-se, solene e oficialmente, a inauguração da grande e histórica ponte sobre o famoso Rio Jequitinhonha, que liga as duas partes habitadas da Vila de Mendanha e o Município de Diamantina ao norte e nordeste do nosso Estado, reconstruída sob a proficiente direção do então engenheiro da 8ª Residência de Estradas de Rodagem do Estado, dr. Euler Rocha, a quem devemos principalmente, o magnífico trabalho, secundado pelos seus inteligentes auxiliares chefe de serviço, José Apolinário Braga, e o operário operoso, sr. José Pedro de Alcântara.

PONTE DE MENDANHA
pontedemendanha.jpg (400×269) (bp.blogspot.com)


Desde de cedo, de domingo último 25 do mês p: passado, que Diamantina se via em movimento com seus carros e caminhões, conduzindo a Mendanha os convidados, autoridades e numerosos diamantinenses que iam assistir a festa da inauguração.

Para lá também seguiram o nosso diretor, em companhia do distinto engenheiro Celso Werneck e do Revmo. Padre Gaspar Cordeiro Couto, estimado, virtuoso e abnegado missionário Lazarista, incansável e sempre pronto, sem medir sacrifícios, para servir nos misteres da Igreja e socorrer as almas nos momentos calamitosos desta vida terrena de agruras e sofrimentos.

Ao pitoresco e alegre antigo Arraial de Mendanha, fundação do português Padre Antônio Mendanha, histórico que se tornou pela Revolução de 1842, tal o civismo de seus filhos, berço de homens de valor e conceito, como Ezequiel Carneiro Neto Leão; construtor de sua primeira ponte; farmacêutico Bernardino Felix Rosa, Luiz Gomes de Oliveira, Luiz Augusto de Araujo, Cel. Manoel Cesar Pereira da Silva, Joaquim Cruz, José Severiano de Araujo Tameirão, Cel. José Carlos de Araujo, Luiz Eloi Durães, Padre Marcos Antônio de Araujo, Pedro e Francisco Nunes e muitos outros, partiram carros e caminhões, conduzindo cavalheiros, senhoras, moças e senhorinhas, para assistir a festa da benção e inauguração oficial da ponte.

A hora determinada pelo programa publicado por esta folha. O Revmo. Sr. Padre Gustavo Cordeiro Couto, C.M., começou a missa na simpática e poética capela – Matriz da Colina, de que e orago Nossa Senhora da Mercês, Rainha do Céu; idolatrada pelo amor e devoção do povo de Mendanha.

Ao lado do Prefeito Municipal sr. José Machado Freire, assistiram de joelhos ao santo sacrifício da Missa, o nosso Diretor, muitos visitantes e os habitantes do lugar.

Um coro de harmonioso de cantoras piedosas do arraial, cantou o ofício de Nossa Senhora á estação da Santa Missa, acolitada pelo inteligente menino Antônio Guido Flecha.

Pouco depois das 18 horas, já havendo chegado ao arraial o querido e apostólico Arcebispo S. Excia. Revma., o sr. D. Serafim Gomes Jardim, acompanhado do novel e jovem sacerdote diamantinense, Remo. Padre José Augusto Ferreira Junior, seguiu-se a benção solene da nova ponte, pelo sr. Prefeito Municipal, ouvindo-se os seguintes oradores:

Dr. José Geraldo Jardim, representante da 8ª Residência, entregando a ponte ao prefeito; o dr. Júlio Mourão representante do povo de Mendanha; o Prefeito José Machado Freire, entregando oficialmente a ponte ao trânsito público; a senhorinha Neusa Tameirão e o Capm. Augusto Júlio de Moura.

A essa hora, parece que o povo, que aglomerava na ponte, não sentia a sensação produzida pelo ardor do sol e mormaço asfixiante.

Na sala da escola pública regida exma. Professora Geralda de Barros, houve um lunch, regado a cerveja, vinhos e guaraná, repetidos por vezes, oferecido aos visitantes.

Pela volta das 17 horas, na mesma sala, foi oferecido as autoridades presentes e aos visitantes lauto ajantarado, falando ao servir-se a sobremesa, o Revmo. Sr. Padre Gaspar Cordeiro Couto e o festejado poeta patrício Hermes Pires Leão.

A festa da inauguração da ponte foi honrada com a presença do exmo. Sr. Dr. Lahyre Santos, meritíssimo Juiz de Direito da Comarca, e exma. esposa Nazinha Santos, assim como de distintas senhoras, cavalheiros, senhorinhas e rapazes do meio social de Diamantina.

Em 1858, por contrato com o governo da Província, Ezequiel Neto Carneiro, isto há mais de 99 anos, construiu a ponte, exclusivamente, para o trânsito de tropas e pedestre, pagando-se 20 réis por pedestre e por animal 1,40 réis, da antiga moeda.

Essa ponte era fechada no centro, onde se via uma coberta, onde as moças do arraial faziam serenatas as noites de luar.

Em 1863, quando nem se sonhava em carros e caminhões, foi inaugurada.

A sua extensão total é de 107 metros.

PONTE DE MENDANHA ATUAL
Mendanha+giselle.jpg (640×426) (bp.blogspot.com)
       

Como já dissemos, foi ótimo o serviço de construção.

Voz de Diamantina, pág.2, nº11, 1 de fevereiro, Diamantina/MG, 1948

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