A INAUGURAÇÃO DA PONTE DO MENDANHA
Conforme fora anunciado,
realizou-se, solene e oficialmente, a inauguração da grande e histórica ponte
sobre o famoso Rio Jequitinhonha, que liga as duas partes habitadas da Vila de
Mendanha e o Município de Diamantina ao norte e nordeste do nosso Estado,
reconstruída sob a proficiente direção do então engenheiro da 8ª Residência de
Estradas de Rodagem do Estado, dr. Euler Rocha, a quem devemos principalmente,
o magnífico trabalho, secundado pelos seus inteligentes auxiliares chefe de
serviço, José Apolinário Braga, e o operário operoso, sr. José Pedro de Alcântara.
PONTE DE MENDANHA
pontedemendanha.jpg (400×269) (bp.blogspot.com)
Desde de cedo, de domingo
último 25 do mês p: passado, que Diamantina se via em movimento com seus carros
e caminhões, conduzindo a Mendanha os convidados, autoridades e numerosos
diamantinenses que iam assistir a festa da inauguração.
Para lá também seguiram o
nosso diretor, em companhia do distinto engenheiro Celso Werneck e do Revmo.
Padre Gaspar Cordeiro Couto, estimado, virtuoso e abnegado missionário
Lazarista, incansável e sempre pronto, sem medir sacrifícios, para servir nos
misteres da Igreja e socorrer as almas nos momentos calamitosos desta vida
terrena de agruras e sofrimentos.
Ao pitoresco e alegre antigo
Arraial de Mendanha, fundação do português Padre Antônio Mendanha, histórico
que se tornou pela Revolução de 1842, tal o civismo de seus filhos, berço de
homens de valor e conceito, como Ezequiel Carneiro Neto Leão; construtor de sua
primeira ponte; farmacêutico Bernardino Felix Rosa, Luiz Gomes de Oliveira,
Luiz Augusto de Araujo, Cel. Manoel Cesar Pereira da Silva, Joaquim Cruz, José
Severiano de Araujo Tameirão, Cel. José Carlos de Araujo, Luiz Eloi Durães,
Padre Marcos Antônio de Araujo, Pedro e Francisco Nunes e muitos outros,
partiram carros e caminhões, conduzindo cavalheiros, senhoras, moças e senhorinhas,
para assistir a festa da benção e inauguração oficial da ponte.
A hora determinada pelo
programa publicado por esta folha. O Revmo. Sr. Padre Gustavo Cordeiro Couto,
C.M., começou a missa na simpática e poética capela – Matriz da Colina, de que
e orago Nossa Senhora da Mercês, Rainha do Céu; idolatrada pelo amor e devoção
do povo de Mendanha.
Ao lado do Prefeito Municipal
sr. José Machado Freire, assistiram de joelhos ao santo sacrifício da Missa, o
nosso Diretor, muitos visitantes e os habitantes do lugar.
Um coro de harmonioso de
cantoras piedosas do arraial, cantou o ofício de Nossa Senhora á estação da Santa
Missa, acolitada pelo inteligente menino Antônio Guido Flecha.
Pouco depois das 18 horas, já
havendo chegado ao arraial o querido e apostólico Arcebispo S. Excia. Revma., o
sr. D. Serafim Gomes Jardim, acompanhado do novel e jovem sacerdote
diamantinense, Remo. Padre José Augusto Ferreira Junior, seguiu-se a benção
solene da nova ponte, pelo sr. Prefeito Municipal, ouvindo-se os seguintes
oradores:
Dr. José Geraldo Jardim,
representante da 8ª Residência, entregando a ponte ao prefeito; o dr. Júlio
Mourão representante do povo de Mendanha; o Prefeito José Machado Freire,
entregando oficialmente a ponte ao trânsito público; a senhorinha Neusa
Tameirão e o Capm. Augusto Júlio de Moura.
A essa hora, parece que o povo,
que aglomerava na ponte, não sentia a sensação produzida pelo ardor do sol e mormaço
asfixiante.
Na sala da escola pública regida
exma. Professora Geralda de Barros, houve um lunch, regado a cerveja, vinhos e
guaraná, repetidos por vezes, oferecido aos visitantes.
Pela volta das 17 horas, na
mesma sala, foi oferecido as autoridades presentes e aos visitantes lauto
ajantarado, falando ao servir-se a sobremesa, o Revmo. Sr. Padre Gaspar
Cordeiro Couto e o festejado poeta patrício Hermes Pires Leão.
A festa da inauguração da
ponte foi honrada com a presença do exmo. Sr. Dr. Lahyre Santos, meritíssimo Juiz
de Direito da Comarca, e exma. esposa Nazinha Santos, assim como de distintas
senhoras, cavalheiros, senhorinhas e rapazes do meio social de Diamantina.
Em 1858, por contrato com o
governo da Província, Ezequiel Neto Carneiro, isto há mais de 99 anos,
construiu a ponte, exclusivamente, para o trânsito de tropas e pedestre,
pagando-se 20 réis por pedestre e por animal 1,40 réis, da antiga moeda.
Essa ponte era fechada no
centro, onde se via uma coberta, onde as moças do arraial faziam serenatas as
noites de luar.
Em 1863, quando nem se sonhava
em carros e caminhões, foi inaugurada.
A sua extensão total é de 107
metros.
PONTE DE MENDANHA ATUAL
Mendanha+giselle.jpg (640×426) (bp.blogspot.com)
Como já dissemos, foi ótimo o
serviço de construção.
Voz de Diamantina, pág.2,
nº11, 1 de fevereiro, Diamantina/MG, 1948
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