A área do município de Diamantina tem 7,800 quilômetros,
inclusive as partes desabitadas, nos plateaux do Arrenegado e Cabral; limita-se
com as do município de Curvelo, ao W; com as do Jequitaí e Bocaiúva. Com o de
São João Batista a N.E e E; com a do Serro a E; e com a da Conceição a SE. As
linhas limítrofes, entre os municípios e circunscrição não se acham ainda
discriminadas e por esta razão, não é rigorosa a da periferia da 5ª circunscrição,
mas assim é dependendo de acordo o traçado dos limites deste com o Estado do
Espírito Santo.
Contém o município
três zonas distintas:
1º Sertaneja, compreendendo os vales do baixo Paraúna, das
partes inferiores dos rios Pardos, Grande e Pequeno, e do rio Curimataí; o das
Velhas, todos estes terrenos calcários; o do Jequitinhonha; o do rio Manso; do
rio Preto e do Araçuaí; estes últimos em
terrenos de quartzito, os dois primeiros e os últimos gneissicos. A temperatura, nesta zona atinge a máxima
média de 32º; e a altitude não se eleva a mais de 800 metros acima do nível do
mar.
O capim bengo frutifica, nessa zona, bem como a mangueira; os
frutos dos cafeeiros amadurecessem em um só tempo; a cana de açúcar, cultivada
em grande escala, é rica de princípios sacarinos, o algodoeiro produz fibras
fortes, finas e longas; maravilhosamente, produzem os terrenos, quer calcários,
quer não, toda a sorte de cereais e a uva. A porcentagem, do plantio para a
colheita, em anos regulares regula: milho, de 1 para 250, notando-se nos
terrenos calcários colheitas em anos chuvosos de 1.150; da mamoneira perde-se
grande parte dos frutos, tal é a abundância delas.
2ª A alpina ou diamantina, caracterizada pelas campinas,
serras de grés, pelos terrenos variáveis, predominando sempre o silicoso, e
pela sua abundância de fontanaes das principais bacias, compreende-se os vastos
planaltos diamantinos e os vales superiores dos afluentes aos rios
Jequitinhonha, Velhas, Doce, e Jequitaí.
Nesta zona do município, o clima é ameno, as suas altitudes contam-se de 850 metros a 1816 metros; a máxima temperatura não vai além dos 28º e a mínima desce a 5º, em alguns pontos; é abundantíssima de aguadas, com quedas elevadas sendo o líquido cristalino, arejado e de superior qualidade.
Além da mineração do ouro e diamantes, ocupam-se os
habitantes na cultura da vinha, da cevada, do trigo, centeio, mandioca e dos
comuns cereais, onde existem faixas de matas. O café, proveniente desta zona, á
aromática, saboroso e arredondado, como o café Moka; a maturação dos frutos dos
cafeeiros realiza-se por camadas; e deve-se notar que os frutos maduros
secam-se nas galhas e raros são os que caem. Este conjunto de circunstância é
favorável à pequena lavoura que trata do cultivo da uva e dos cereais, podendo
ocupar-se também do remunerativo cafeeiro.
3ª A carrasquenta ou a zona dos chapadões, compreende
terrenos em níveis altos de 800 a 1,300 metros de altitudes e de clima
temperado. Nesta zona, também dotada com boas aguadas, a cultura é a mesma da
procedente: mandioca, café (ainda em pequena escala); milho, feijão, cana de
açúcar e batatas.
Em todo o município, trata-se de criação do gado cavalar,
suíno e vacum; de lanigero e o cabrum, um ou outro habitante tem pequena
criação, visto não se utilizarem da carne de carneiro e nem da de cabra, e nem
mesmo aproveitam a lã da ovelha.
Na zona sertaneja , é onde mais desenvolvida se acha a
criação vacum e cavalar; nele se encontram os utilíssimos barreiros nitrosos,
os campos de capim vermelho (assú) e os de dois verdes, como os denominam,
porque estes, situados nas veredas dos buritizais, queimados em fevereiro,
oferecem excelentes e verdes pastagens no rigor da seca.
No município, já se
acham introduzidas, para cruzamento com a existente, diversas raças de gado
vacum. Na Gouveia e Capão Grosso, fazendas da Companhia Norte de Minas, na
fazenda dos Cafundós, propriedade do Dr. Pedro Matta; na fazenda de Santa Bárbara,
propriedade do Conselheiro Matta; e na das Melancias, propriedade do coronel
João Felício dos Santos, vão prosperando os cruzamentos com Tourinos,
Jaguanezes, Burran, Jersey e Zebús.
Para o melhoramento da raça cavalar, possui um legítimo puro
sangue a fazenda de Santa Barbara, e um cavalo normando.
Animados como se acham os fazendeiros, exploradas as minas
auríferas e diamantinas por companhias estrangeiras ou por associações
nacionais, como é de esperar-se; se não estacionarem a viticultura, que tão remunerativa
é, as indústrias fabris e outras existentes no município, em não remoto futuro,
se tornará ele um dos mais importantes do Estado máximo se contar com boas vias
de comunicação e ligação para a exportação de seus variados produtos e
artefatos.
Para provar o adiantamento do município de Diamantina, basta
citar que conta no seu território as fábricas de tecidos de Santa Bárbara,
Gouveia, Perpétua, Biribiri, do Rio Manso, em construção, e do Inhaí, em
projeto; muitas rodas para lapidação de diamantes, dois grandes curtumes,
vários engenhos para moer cana, com melhoramentos modernos, turbinas e aperfeiçoados
alambiques, como nos engenhos das fazendas das Melancias, Cafundós e Rio Preto,
de propriedade esta da companhia Nacional Rio Pretana, grande aumento no
plantio da videira, contando-se só na cidade de
Diamantina e subúrbios, perto de 60.000 cepas; que a lavoura vai
adotando melhoramentos racionais; e que, para a mineração do ouro e diamantes,
tem-se empregado maquinismo modernos e utilizado a luz elétrica, para os
trabalhos noturnos.
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Apesar da constante emigração da classe operária, conta
ainda o município 65.000 habitantes, em seus 19 distritos, dos quais doze são
essencialmente agrícolas.
Só na cidade de Diamantina eleva-se 12.500 almas a sua
população.
A Diamantina acha-se situada a 18º,14,3 de latitude S,
segundo Eschwege , ou 18º 10; conforme Milliet, e 10' de longitude ocidental, ao meridiano do Rio
de Janeiro.
Acha-se colocada a cidade na encosta E do espigão, divisor
das Águas do Ajunta-Ajunta e Biribiri; em diversas localidades notam-se as
altitudes seguintes: 1200 metros matriz; 1241 metros o Seminário; 1252 metros
de Venda Nova, ponto mais alto habitado; 1123 metros Rio Grande e 1109 metros
Rancho da Palha, no subúrbio da cidade.
Conta 1500 casas, todas habitadas; possui: Escola Normal,
Ginásio, Liceu da União Operária, Seminário Episcopal, o Colégio das Irmãs de
Caridade, para pensionista e órfãs, 9 escolas estaduais e 1 municipal.1 escola
noturna para adultos e outra para adultas. Inspetoria dos Terrenos diamantinos,
coletoria, estadual e federal, sub-administração dos correios, hospital de
Caridade, Hospício para alienados, asilo para inválidos, Cadeia e casa para Júri,
10 igrejas e 5 capelas, e é sede do Bispado de Diamantina, do 4º Corpo militar
da Polícia da comarca do município e do distrito Telegráfico.
Dentro e nos arrebaltes da cidade, funcionam diversas
fábricas de lapidação, cortume, de vinho de uva, de calçados, de joias, de pólvora,
flores artificiais, de meias, diversas ourivesarias, alfaiatarias e fábricas de
fogos de artifícios.
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O seu importante comércio, com todos os municípios do norte
de Minas e com a praça do Rio de Janeiro, acha-se representado por várias
importantes lojas de fazendas, ferragens, de louça, de gêneros da terra, ditos
de importação, secos e molhados; por uma companhia anônima Nacional e por
várias associações particulares.
O movimento comercial de Diamantina deve-se elevar a mais de
4.000:000$000, pois cálculo que o comércio de viveres, consumidos pela
população urbana, eleva-se, anualmente, á 2.208:250$000, tomando por base a
etapa mínima de 500 réis por indivíduo.
A cidade, bem abastecida de excelente água potável, captada
no alto do planalto do Guinda, possui, além dessa, vários mananciais e minas,
dentro do seu circuito. Os seus edifícios deixam muitos a desejar pela má
construção e arquitetura; o sistema de esgoto é o pior possível, ainda o
herdado dos nossos antepassados. Desse grande melhoramento ainda não tratou a
municipalidade de Diamantina; águas estagnadas nas péssimas calçadas das ruas,
tornariam insalubre esta cidade, se não fossem as boas condições climática ...
1894- janeiro
( da Revista Industrial de Minas)
O Município, Diamantina, 10 de julho de 1896, n.77, p. 2-3
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