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terça-feira, 28 de junho de 2022

VEM AÍ DESAFINADO: INFO 29

 Durante a década de 1960, o ponto de convergência dos jovens de Diamantina era a Praça de Esportes, tendo Anatólio Alves de Assis como conselheiro e a grande referência moral e ética. Havia uma dificuldade de diálogo dos jovens com os pais, especialmente, numa sociedade estruturada sob valores de extremo conservadorismo. Com a intenção de minimizar essa situação, nasceu o Clube União dos Adolescentes (CUA), como uma extensão das ações de Anatólio, que palestrava para a juventude, na Praça de Esportes, discorrendo sobre comportamentos, família, disciplina, respeito, cumprimento de horários etc.

Erimar Miguel Pires era um jovem bastante empreendedor. Na primeira metade daquela década, ele teve a iniciativa de fundar esse clube, por meio do qual se promoveriam reuniões de confraternização e congraçamento de jovens do sexo masculino. As reuniões eram semanais, ocorriam na casa de um dos sócios ou na sede da Praça de Esportes. Havia também as reuniões bimestrais, para as quais personalidades proeminentes na cidade eram convidadas a ministrar palestras no clube, sobre aconselhamentos, civismo, cultura, experiências de vida. Nos mesmos moldes do CUA, nasceu o Clube Recreativo Juvenil (CRJ), que reunia jovens do sexo feminino, liderado por Rozanne e Ayrde Assis, filhas de Anatólio.
Naquela época, para tocar um dos bailes promovidos para a juventude na Praça de Esportes, foi contratado o conjunto “Corinthian’s Boys”, da cidade de Corinto (MG). Era a primeira vez que Wanderlei Guedes da Silva, José Domingos Pereira (Duminguim) e Eustáquio Soares, membros do CUA, ouviam uma banda naquele padrão, ao vivo. Amigos afetivos, companheiros de serenatas, já tocavam violão, mas foi um deleite ver as guitarras e o contrabaixo elétrico. Os três rapazes do CUA ouviam a música moderna nas rádios, gêneros como o twist e o hully gully, além de que estavam encantados com a música dos Beatles, que acabara de entrar no Brasil, fazendo um sucesso fenomenal. Resolveram fundar um conjunto similar ao “Corinthian’s Boys”.
Havia uma bateria, com poucas peças, pertencente à Praça de Esportes, que foi prontamente cedida aos rapazes por Anatólio. Dessa forma, nasceu “Os Diamantinos”, primeiro conjunto moderno que surgiu na cidade, com os seguintes elementos: Wanderlei Guedes, contrabaixo; Romário Vieira, guitarra base; Duminguim, guitarra solo; Eustáquio Soares, bateria. O CUA bancou as primeiras despesas, pois possuía uma pequena reserva financeira, obtida por meio da cobrança de mensalidades e de algumas promoções que eram feitas para angariar fundos. O restante foi sendo liquidado em prestações, com a arrecadação proporcionada pelos bailes.
O conjunto “Os Diamantinos” se transformou posteriormente em “Os Jetsons”, pois o “chique” da época era denominar os conjuntos com uma palavra inglesa. No encalço de seu entusiasmo, nasceram os conjuntos “Le Cherry”, que recebeu depois o nome “The Flyers”; “Carcará”, que passou a se chamar “Thunderball”; “Comandante Sudário”, que se transformou em “Os Continentais”; “The Trump’s”; “Os Invasores”; “Som W1” e “Som W2”, que se fundiram posteriormente e formaram o “Batuka”; “The Tijucan’s Boys”; “Los Hermanos”; e “The Beatles Girls”, um conjunto formado somente por mulheres.
Todos esses conjuntos modernos, que embalaram as noites da juventude daquele tempo, foram influenciados, de forma vigorosa, pela Jovem Guarda, um movimento musical surgido em agosto de 1965, a partir de um programa televisivo homônimo, exibido pela TV Record, em São Paulo. A Jovem Guarda absorveu o Iê-iê-iê brasileiro, filho direto da influência do rock introduzido pelos Beatles e pelos Rolling Stones, e deu origem a uma linguagem musical nova, carregada de alegria e de descontração.
Foto 1: Membros do CUA na década de 1960
Desfile de 7 de setembro / Praça JK
Acervo: Wanderlei Guedes da Silva
Foto 2: Conjunto “Os Jetsons”
Depois de sua fusão com o “The Flyers”
[Da esq. p/ dir.] Leônidas Azevedo, Duminguim, Antônio Claret, Wanderlei Guedes, Zezé Quati, Tytoca.
Acervo: Wanderlei Guedes da Silva
Nara Moraes Moraes, Vinícius Santana e outras 53 pessoas
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