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terça-feira, 28 de junho de 2022

VEM AÍ: DESAFINADO - INFO-22

 

Wander Conceição

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VEM AÍ: DESAFINADO – INFO 22

Em 1938, aconteceu a extinção do Flamengo Futebol Clube, cujos sócios haviam alugado a parte superior do prédio do Ponto Chic na Rua da Quitanda, onde instalaram sua sede social. No vasto salão daquele prédio, promoviam bailes diversos. Os proprietários do Ponto Chic aproveitaram o encerramento do contrato de aluguel para realizar uma reforma no imóvel, no ano seguinte. Exatamente em julho de 1938, ocorreu a primeira grande reforma no Cine Trianon, quando foram fixadas poltronas modernas no chão, em substituição às cadeiras de treliça de palha que eram retiradas para realização dos bailes. Assim, em 1939, a cidade ficou sem os dois melhores salões, onde aconteciam os bailes de carnaval, habitualmente.

Diante dessa situação, um grupo de amigos, composto por Sóter Pádua de Oliveira, Armando Alves Horta, Oswaldo César Pereira da Silva, João Vicente Diniz, Milton Guieiro e suas respectivas esposas, resolveu passar o carnaval de 1939, em Belo Horizonte. Ainda dentro do Trem de Ferro, na viagem de ida, inconformados com a situação a que chegara Diamantina de não possuir um clube social, decidiram que, ao voltarem, reuniriam um número significativo de pessoas, emitiriam cotas e levantariam o recurso para comprar um prédio grande na cidade e adaptá-lo. Organizaram uma sociedade, posteriormente, e compraram o prédio de Arminda Guerra Leite, situado na Rua da Quitanda, nº. 23, em janeiro de 1941. O prédio ganhou um salão vasto, após as reformas necessárias. No Sábado de Aleluia daquele ano, 12 de abril, inaugurava-se o Clube Acayaca em Diamantina.

Ocorreu, porém, que seus associados foram escolhidos apenas entre as pessoas que pertenciam ao mais alto escalão da plutocracia local, cuja consequência imediata foi a preocupação excessiva com a demonstração de luxo e de hábitos aristocráticos. E desde o seu surgimento, embora não fosse regra estatutária explícita, a diretoria do Clube Acayaca não aceitava que negros fizessem parte de seus quadros sociais.


Solidários à causa de outras classes sociais, como funcionários públicos, professores, militares etc, os funcionários da Diretoria Regional de Correios e Telégrafos de Diamantina, tendo Lahyre Moreira da Silva à frente do movimento, arregimentaram vários comerciantes, também afeitos à mesma causa, e fundaram outro clube social que pudesse abrigar o cidadão diamantinense menos abastado. Assim, em 19 de março de 1944, ocorreu a fundação do Clube União Democrata e a eleição de sua primeira diretoria. Emitidas as cotas, foi adquirido o prédio de três andares, situado na Rua Direita, nº. 120, e iniciadas as obras de adaptação da sede social, no segundo andar. Sua inauguração oficial aconteceu em 2 de março de 1945.

Apesar do seu objetivo inicial de expandir o entretenimento social para outras camadas mais populares da sociedade diamantinense, o Clube União Democrata teve vida útil muito curta. Em maio de 1947, os sócios-proprietários alteraram os artigos 55 e 65 do estatuto do clube, abrindo a possibilidade de aquisição ilimitada de cotas para seus associados. Alguns sócios de poder aquisitivo mais alto adquiriram a maioria das cotas, colocaram o prédio à venda em janeiro de 1949 e fecharam as portas do Clube União Democrata, encerrando sua vida associativa.

A expansão de possibilidades de entretenimento em Diamantina voltara à estaca zero. Sem opção de diversão na cidade, um grupo de funcionários dos Correios e Telégrafos adquiriu o hábito de se reunir nas escadarias da Catedral Metropolitana para uma boa prosa, após o passeio pela capistrana, momento em que a rua se esvaziava. Os mais frequentes eram Mauro José Coelho, Walter Cardoso França, Cesário Matias de Almeida, Antônio de Jesus Santos (Antônio Marreco) e Heber Neves. Incomodados com aquela situação, resolveram fundar um clube social, para que os funcionários dos Correios e Telégrafos pudessem frequentá-lo. Assim definido, procuraram Lahyre Moreira da Silva, em razão de seu alto prestígio na cidade, que aceitou, prontamente, encabeçar o movimento. Um abaixo-assinado, com 172 pessoas aderindo à iniciativa, foi emitido em 27 de fevereiro de 1958.

Em 21 de novembro de 1959, foi inaugurado o Clube ASSEDI (Associação dos Servidores Públicos Civis de Diamantina), que funcionou, inicialmente, em um casarão alugado, estabelecido atrás do Mercado Velho, esquina das atuais ruas Espírito Santo com Joaquim Costa. Iniciou-se o trabalho de emissão de ações para aquisição da sede própria. Para evitar situação semelhante à que envolvera o antigo Clube União Democrata, provocando sua dissolução, fizeram constar em estatuto que nenhum sócio teria o direito de adquirir mais de cinco ações. A sede foi levantada num terreno adquirido no início do Beco do Isidoro, próximo à Igreja do Rosário. O novo clube foi aberto aos trabalhadores, em geral, mas predominavam os funcionários públicos e militares em seu quadro de sócios, desfrutando de uma programação muito similar à do Clube Acayaca, durante todo o ano.

Além da Assedi, ergueu-se em Diamantina também um clube social na Praça de Esportes, que fora inaugurada em 1944, sem sede social. A ascensão de Juscelino Kubitschek ao governo estadual possibilitou o avanço de negociações para aquisição da cobiçada sede. Em meados de 1952, procurado por uma comissão incumbida de tal fim, o governador recorreu ao seu amigo Oscar Niemeyer. A inauguração da sede social do Diamantina Tênis Clube se deu em dezembro de 1960, com suas portas sendo abertas a todos os associados, sem discriminação.

Foto 1: Interior do Clube Acayaca

Acervo: Photo Assis

Foto 2: Sede Social do DTC

Acervo: Edméa Neves Andrade

 

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