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VEM AÍ: DESAFINADO – INFO 22
Em 1938, aconteceu a extinção do Flamengo Futebol
Clube, cujos sócios haviam alugado a parte superior do prédio do Ponto Chic na
Rua da Quitanda, onde instalaram sua sede social. No vasto salão daquele
prédio, promoviam bailes diversos. Os proprietários do Ponto Chic aproveitaram
o encerramento do contrato de aluguel para realizar uma reforma no imóvel, no
ano seguinte. Exatamente em julho de 1938, ocorreu a primeira grande reforma no
Cine Trianon, quando foram fixadas poltronas modernas no chão, em substituição
às cadeiras de treliça de palha que eram retiradas para realização dos bailes.
Assim, em 1939, a cidade ficou sem os dois melhores salões, onde aconteciam os
bailes de carnaval, habitualmente.
Diante dessa situação, um grupo de amigos, composto
por Sóter Pádua de Oliveira, Armando Alves Horta, Oswaldo César Pereira da
Silva, João Vicente Diniz, Milton Guieiro e suas respectivas esposas, resolveu
passar o carnaval de 1939, em Belo Horizonte. Ainda dentro do Trem de Ferro, na
viagem de ida, inconformados com a situação a que chegara Diamantina de não
possuir um clube social, decidiram que, ao voltarem, reuniriam um número
significativo de pessoas, emitiriam cotas e levantariam o recurso para comprar
um prédio grande na cidade e adaptá-lo. Organizaram uma sociedade,
posteriormente, e compraram o prédio de Arminda Guerra Leite, situado na Rua da
Quitanda, nº. 23, em janeiro de 1941. O prédio ganhou um salão vasto, após as
reformas necessárias. No Sábado de Aleluia daquele ano, 12 de abril,
inaugurava-se o Clube Acayaca em Diamantina.
Ocorreu, porém, que seus associados foram
escolhidos apenas entre as pessoas que pertenciam ao mais alto escalão da
plutocracia local, cuja consequência imediata foi a preocupação excessiva com a
demonstração de luxo e de hábitos aristocráticos. E desde o seu surgimento,
embora não fosse regra estatutária explícita, a diretoria do Clube Acayaca não
aceitava que negros fizessem parte de seus quadros sociais.
Solidários à causa de outras classes sociais, como
funcionários públicos, professores, militares etc, os funcionários da Diretoria
Regional de Correios e Telégrafos de Diamantina, tendo Lahyre Moreira da Silva
à frente do movimento, arregimentaram vários comerciantes, também afeitos à
mesma causa, e fundaram outro clube social que pudesse abrigar o cidadão
diamantinense menos abastado. Assim, em 19 de março de 1944, ocorreu a fundação
do Clube União Democrata e a eleição de sua primeira diretoria. Emitidas as
cotas, foi adquirido o prédio de três andares, situado na Rua Direita, nº. 120,
e iniciadas as obras de adaptação da sede social, no segundo andar. Sua
inauguração oficial aconteceu em 2 de março de 1945.
Apesar do seu objetivo inicial de expandir o
entretenimento social para outras camadas mais populares da sociedade diamantinense,
o Clube União Democrata teve vida útil muito curta. Em maio de 1947, os
sócios-proprietários alteraram os artigos 55 e 65 do estatuto do clube, abrindo
a possibilidade de aquisição ilimitada de cotas para seus associados. Alguns
sócios de poder aquisitivo mais alto adquiriram a maioria das cotas, colocaram
o prédio à venda em janeiro de 1949 e fecharam as portas do Clube União
Democrata, encerrando sua vida associativa.
A expansão de possibilidades de entretenimento em
Diamantina voltara à estaca zero. Sem opção de diversão na cidade, um grupo de
funcionários dos Correios e Telégrafos adquiriu o hábito de se reunir nas
escadarias da Catedral Metropolitana para uma boa prosa, após o passeio pela
capistrana, momento em que a rua se esvaziava. Os mais frequentes eram Mauro
José Coelho, Walter Cardoso França, Cesário Matias de Almeida, Antônio de Jesus
Santos (Antônio Marreco) e Heber Neves. Incomodados com aquela situação,
resolveram fundar um clube social, para que os funcionários dos Correios e Telégrafos
pudessem frequentá-lo. Assim definido, procuraram Lahyre Moreira da Silva, em
razão de seu alto prestígio na cidade, que aceitou, prontamente, encabeçar o
movimento. Um abaixo-assinado, com 172 pessoas aderindo à iniciativa, foi
emitido em 27 de fevereiro de 1958.
Em 21 de novembro de 1959, foi inaugurado o Clube
ASSEDI (Associação dos Servidores Públicos Civis de Diamantina), que funcionou,
inicialmente, em um casarão alugado, estabelecido atrás do Mercado Velho,
esquina das atuais ruas Espírito Santo com Joaquim Costa. Iniciou-se o trabalho
de emissão de ações para aquisição da sede própria. Para evitar situação
semelhante à que envolvera o antigo Clube União Democrata, provocando sua
dissolução, fizeram constar em estatuto que nenhum sócio teria o direito de
adquirir mais de cinco ações. A sede foi levantada num terreno adquirido no
início do Beco do Isidoro, próximo à Igreja do Rosário. O novo clube foi aberto
aos trabalhadores, em geral, mas predominavam os funcionários públicos e
militares em seu quadro de sócios, desfrutando de uma programação muito similar
à do Clube Acayaca, durante todo o ano.
Além da Assedi, ergueu-se em Diamantina também um
clube social na Praça de Esportes, que fora inaugurada em 1944, sem sede
social. A ascensão de Juscelino Kubitschek ao governo estadual possibilitou o
avanço de negociações para aquisição da cobiçada sede. Em meados de 1952,
procurado por uma comissão incumbida de tal fim, o governador recorreu ao seu
amigo Oscar Niemeyer. A inauguração da sede social do Diamantina Tênis Clube se
deu em dezembro de 1960, com suas portas sendo abertas a todos os associados,
sem discriminação.
Foto 1: Interior do Clube Acayaca
Acervo: Photo Assis
Foto 2: Sede Social do DTC
Acervo: Edméa Neves Andrade
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