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domingo, 28 de fevereiro de 2021

Henrique Boldrini & Corrêa Teatro Santa Isabel

 

Henrique Boldrin

Há cinco meses este hospitaleiro torrão mineiro abriu suas portas e deu entrada, no seio de suas famílias, a um cavaleiro distinto, filho de bela Itália. – Henrique Boldrini.

Diretor de uma companhia dramática, este cavaleiro tido a ocasião de pôr-se em contato com todas as classes sociais, e não há um só dentre tantos de quem aliás se compõem, que não tenha justas simpatias por este cidadão, que muito honra o seu país natal.

Henrique Boldrini, é um moço de 36 anos, mais ou menos, simpático, amável, risonho. É orador, poeta e dramaturgo; em todas estas três qualidades o seu talento aparece de um só modo pouco comum.

      Imagem da internet

Revela conhecimento de um grande número de obras literárias de escritores ainda os mais modestos; tem viajado quase toda a Europa, América, África; conhece os costumes e usos de diferentes povos; fala corretamente algumas línguas. Enfim, não é um talento vulgar ou um charlatão literato: é um moço ilustrado, amável e credor das simpatias populares.

O cenário é também um lugar onde seu talento se revela prodigiosamente: ora, comovendo o auditório até a consternação e as lágrimas; ora alegrando-lhe o espírito até as gargalhadas. Em suma, a naturalidade com que o desempenha cada papel não é coisa que esteja alcance de qualquer talento.

Não é só isto: Henrique Boldrini também é um perfeito cenógrafo. Quem tiver assistido aos seus espetáculos dramáticos há de estar convencido do que aqui vai dito de passagem.

Parece que a natureza foi prodiga de mais naquela alma italiana!

A Diamantina que foi sempre hospitaleira, até ao excesso, para com todos que batem ás suas portas, tem peso de não poder atualmente acolher, como desejava, um cavaleiro nobre, generoso e simpático como é o Sr. Henrique Boldrini.

O estado decadente em que o ilustre hóspede veio encontrar este povo, talvez pareça algum indiferentismo ás raras qualidades que tanto o elevam no conceito público.

O Sr. Boldrini pode ter encontrado em outros lugares mais pomposas manifestações de apreço e acolhimento, mas, tão sinceras e tão d’alma, talvez ainda não tenha recebido, pois é este um dos dotes naturais do povo diamantinense.

Nestas poucas palavras, que aí ficam, não encontre o sr. Boldrini senão a expressão franca e leal do alto conceito em que o temos por seu talento, por suas qualidades morais, e pela simpatia de que goza geralmente de todos que o conhecem.

Justus

Propaganda, Diamantina, Segunda Feira, 15 de outubro de 1888, p.3-4, nº 13.

                                                  Imagem da internet

1º de outubro de 1888

Os abaixo assinados retiram-se saudosos desta cidade, na qual permaneceram 5 meses, recebendo as mais inconcussas provas de simpatia.

Agradecem do íntimo da alma, aos distintos cavaleiros que os auxiliaram nos espetáculos, que são: os ilms srs. José da Cunha Valle Laport, José Joaquim da Silveira, Joaquim José da Silveira, Agapito Moreira da Silva, Antônio do Nascimento Vidinha, José Agostinho Moreira da Silva e todos os outros moços a quem devem obrigações no corpo cênico, e que seria longo enumerar.

Protestam-se também os mais subidos sentimentos de estima e reconhecimento para com os gentis meninos que espontaneamente prestaram-se para abrilhantar os espetáculos de Santo Antônio, São Benedito, Sete de Setembro e Suplício de uma mulher.

Agradecem os valiosos auxílios dos srs. Francisco Cézar, Serafim Honorato Pires, Vicente Torres e Felix Pereira de Andrade.

As distintas corporações musicais enviam um saudoso adeus cheio de reconhecimento pelo brilhantismo com que sempre, no decurso das representações, se houveram.

Aos incansáveis e prestimosos cavaleiros Comandante Brant, Brant Filho, Tenente Coronel Juscelino de Menezes, José Menezes, João Nepomuceno Kubitschek, Claudio Junior, Olímpio Mourão, Arthur Napoleão, Arthur Queiroga, e capitão Augusto César um eloquente aperto de mão, que no seu silêncio traduz os mais sinceros protestos de amizade.

Ao público de Diamantina, ao Clero, á Magistratura, as artes, á indústria, á Milícia e ao comércio, um saudoso adeus.

Boldrini e Corrêa

Diamantina, 12 de outubro de 1888.

O teatro em Ponte Nova teve início ainda no século XIX com pequenas apresentações realizadas em reuniões familiares e de amigos. Por volta do ano de 1885, as representações teatrais teriam se aprimorado e ganhando incentivo com a instalação do “Grande Theatro”, anteriormente localizado em sobrado na Rua do Rosário. Segundo o historiador Antônio Brant, o artista Henrique Boldrini residiu em Ponte Nova durante algum tempo e incentivou o teatro na cidade, organizando um grupo de atores que encenava textos escritos por ponte-novenses.

https://culturacoletiva.wixsite.com/blog/single-post/2015/12/04/teatro-uma-tradi%C3%A7%C3%A3o-em-ponte-nova

 

 

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