Farinha Seca
do livro inédito do prof. J. Augusto Neves
Com o decorrer do tempo, os antigos habitantes da nossa terra vão desaparecendo, uns após os outros: é a lei natural da sucessão pois que ninguém fica para semente neste mundo.
A nova geração portanto, desde que não lhe interessa o passado, não procurará nunca conhecê-lo, contentando com o presente.
Vem o caso o nome acima desconhecido dos habitantes desta velha e centenária cidade, onde só os poucos homens antigos que nos restam sabem a origem e onde fica em Diamantina, o Caminho do Carro.
Caminho dos escravos - internet
Se em nossa terra, alguns curiosos perguntar a um moço onde fica esse caminha, terá imediata resposta: não sei, nunca ouvi falar nele.
Diziam os antigos que, no tempo da extração dos diamantes e ouro, os carros de boi, que vinham carregados de gêneros e mercadorias do Serro Frio, e outros lugares não podiam subir a ladeira do Arraial de Baixo, por ser íngreme de mais, pelos lados da Chácara do Juca Neves, tornava-se mais longe, de modo que a Intendência daqueles tempos julgou bem servir a população do velho Tijuco, mandando cortar as abas do morro sobre o qual fora levantada a Igreja do Rosário, a partir do córrego Lava Pés, assim cognominado, porque os mineiros e garimpeiros, quando o atravessavam, após o serviço e retornando á casa; nela lavavam seus pés, sujos de lama.
Esse caminho, que findeja o Morro do Rosário, e termina á Praça Dr. Prado, antiga Cavalhada Velha, até hoje, conserva a sua calçada de pedras duras, grandes e redondas a que o povo chama de Pé de Moleque.
Por ser feita para dar caminho aos carros carregados, ficou com esse nome que até em nossos dias é conservado.
Logo abaixo do Lava Pés existia uma pequena casa, á semelhança de uma fazendola e diversas mais afastadas, mas todas com quintais que eram plantadas de mandioca-pão, e onde seus moradores ocupavam do fabrico da ótima e seca farinha, razão por que aquele sítio se denominou Farinha SEca , nome pelo qual é conhecido até hoje.
Nenhum comentário:
Postar um comentário