Foto do acervo Zé da Sé - Vista da cidade de Diamantina
FOLIAS DE REIS
Antigamente, no bom tempo, no tempo de nossos antepassados,
tempo de simplicidades os foliões tiradores de Reis, tocando violas, flautas,
violões, chique—chique, reco—reco, caixas ou pandeiros, á porta das casas, eram
recebidos com alegria, ganhavam presentes e também dinheiro. Ao despedirem-se,
cantavam sempre, em agradecimento, dirigindo-se ao dono da casa: «Deus lhes pague
sua esmola: Deus lhe dê muito que dar, Deus lhe dê coroas de rosas, E no céu um
bom lugar.» Se eram, porém, mal recebidos, a desforra era esta: «Essa barba de farelo
Não tem nada pra nos dar; Deus permita vires em breve, gavião, gavião
Caracará...» Hoje, porém, como tudo está mudado! Não se vêm mais aquelas folias
em que se entoavam cantigas tradicionais de Reis, aquelas canções antigas que
se referiam á chegada dos Reis Magos a Belém, já em nossos dias, estão introduzindo
a musica moderna, fora do estilo, que destoa, completamente da tradição. A
folia de hoje pode agradar pelo gosto, pela harmonia, mas não tem a beleza da
tradição. Trocar o antigo pelo moderno constitue um crime! A folia que está
esmolando em benefício da construção da Capela de N. S. da Consolação, no
Arraial de Baixo, desta cidade, percorre as ruas da cidade, com acompanhamento
de músicos, sob a direção competente do professor Manuel José Nobis, entoando
uma canção antiga, harmoniosa, composição do saudoso maestro João Batista de
Macêdo—o Pururuca.
Reis, Xisto, Minha Tiras, Voz de Diamantina, pág. 2,
Diamantina, 4 de janeiro de 1953, nº 40.
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