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sexta-feira, 17 de junho de 2022

Vem aí: Desafinado - Info 3- Desafinado - na mineiridade diamantina, as raízes da bossa nova

VEM AÍ: DESAFINADO – INFO 3
No livro Chega de Saudade, a cidade em que João Gilberto morava em meados da década de 1950 foi anunciada por intermédio da frase “uma cidade chamada Diamantina, em Minas”. Esse livro é um best seller que já bateu a casa dos 100.000 exemplares vendidos e foi publicado em 6 línguas. O enunciado formado pelo artigo indefinido e pelo verbo no particípio cria, no imaginário do leitor que não conhece a história de Diamantina, a ideia preconcebida de uma cidade desconhecida e inexpressiva, perdida entre as montanhas do interior do Brasil. Ao contrário, Diamantina é um referencial histórico, cultural e político da nação brasileira. Ofereceu contribuição singular para a formação, aprimoramento e evolução do Brasil, fator preponderante, marcante e impositivo que justificou seu reconhecimento pela UNESCO, em 1o. de dezembro de 1999, como cidade Patrimônio Cultural da Humanidade. Diamantina não foi apenas uma cidadezinha provinciana qualquer, cravada nas montanhas do interior de um país com dimensões continentais, que apenas produziu diamantes. As pedras raras atravessaram oceanos e mares e influenciaram o destino da humanidade. Foram, por exemplo, a maior fonte de renda financiadora da Revolução Industrial, acontecimento que mudou o destino do mundo. Ocorre que o homem emergente das grimpas desse lugar também se lançou, cruzou oceanos e mares e fez acontecer uma história singular. Para se ter uma pequena ideia da dimensão dessa importância de Diamantina, basta apenas citar alguns nomes de cidadãos seus que construíram uma história singular no Brasil. O diamantinense, padre Belchior Pinheiro de Oliveira era conselheiro, mentor e confidente do príncipe regente. Para se evitar que o território brasileiro se fragmentasse em províncias com governos autônomos, subordinados diretamente à Corte em Lisboa, Dom Pedro I foi buscar o apoio das três principais províncias brasileiras, por sua importância econômica, populacional e geográfica – São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro. Na viagem de Santos para São Paulo, recebeu o correio da Corte no dia 7 de setembro de 1822, com a correspondência que exigia seu regresso imediato para Portugal. Foi aconselhado pelo padre Belchior a proclamar a independência do Brasil sem demora. A independência seria apenas uma questão de tempo, visto que o movimento deflagrado com esse objetivo já se encontrava em estágio bastante avançado, mas, em grande parte, a nação brasileira deve ao diamantinense, padre Belchior Pinheiro de Oliveira, a solução rápida e imediata de sua emancipação política. Cumpriram papel tão notável como o do padre, entre outros diamantinenses: Joaquim Felício dos Santos, que elaborou e entregou ao governo do Império o anteprojeto do Código Civil Brasileiro. O general José Vieira Couto de Magalhães, que presidiu as províncias de Goiás, do Pará, do Mato Grosso e de São Paulo. O conselheiro Herculano Pereira Pena, que presidiu as províncias do Espírito Santo, do Pará, de Minas Gerais, da Bahia, de Pernambuco, do Mato Grosso, do Amazonas e do Maranhão. Domingos José de Almeida, venerado no sul do país, considerado o cérebro da Revolução Farroupilha, que estruturou e deu nome à cidade de Pelotas e criou, estrategicamente, a cidade de Uruguaiana, nas fronteiras do Brasil com a Argentina e com o Uruguai. Abílio Velho Barreto, que chegou a chefe de Revisão da Imprensa Oficial de Minas Gerais, cujo trabalho é a principal fonte de pesquisa para a compreensão da história de Belo Horizonte. Em meio a tantos homens ilustres que a pujança do diamante ajudou a produzir, emerge a figura de Henrique Honorée Dumont, nascido no distrito do Guinda, em Diamantina. Era filho de um casal francês, comerciante de pedras preciosas, que se fixou no Brasil para comercializar diamantes. A fortuna construída com os diamantes possibilitou a manutenção posterior de Henrique Dumont na França, onde se tornou engenheiro pela Escola Central de Artes e Manufaturas de Paris. Voltou ao Brasil e trabalhou como engenheiro na construção da Estrada de Ferro Central do Brasil na Serra da Mantiqueira, onde nasceu seu sexto filho, Alberto Santos Dumont. Concluídos os trabalhos, Henrique Dumont comprou uma fazenda de café no oeste paulista e fez dela a primeira grande fazenda de café tecnicamente organizada de todo o país. Após uma década de melhoramentos sucessivos, a fazenda possuía 314 milhões de metros quadrados, 4.500.000 pés de café e 28 colônias com pessoal superior a 6.000 trabalhadores agrícolas, compostas, em sua maioria, de famílias ruralistas italianas que dominavam técnicas mais evoluídas para o cultivo do café. Em conseqüência de uma queda que o tornou paraplégico, o diamantinense Henrique Honorée Dumont vendeu sua fazenda e entregou parte de sua fortuna para seu filho Alberto Santos Dumont, logo depois de emancipá-lo com apenas 18 anos. Enviou-o para a França e sugeriu ao filho que estudasse Mecânica. De posse dessa fortuna, Santos Dumont pôde fazer todas as experiências que realizou com os balões, até chegar ao balão 14 bis e entregar ao mundo os fundamentos do avião. Como se vê, a pujança do diamante construiu também mentes maravilhosas. Diamantina é, pois, sem favor algum, um referencial histórico, cultural e político da nação brasileira. Um estudo minucioso sobre personalidades diamantinenses que contribuíram, de maneira singular e decisiva, para a construção e o aprimoramento do Brasil, formaria um compêndio volumoso. Diamantina produziu, para o seu país, magistrados, conselheiros, eclesiásticos, diplomatas, jornalistas, engenheiros, médicos, cirurgiões, generais, estadistas, senadores, ministros, deputados, poetas, romancistas, historiadores, críticos, mestres, maestros, músicos, atletas, entre outros. Diamantina se define por si só; tem luz e identidade próprias. Acervo: Geraldo Santana de Souza Pela tradição oral, casa onde morou Henrique Dumont no Guinda. Do lado esquerdo na foto, atrás da igreja de Santo Antônio. (Informação difícil de ser comprovada, visto que o cartório local foi incendiado) Acervo: https://adslatin.com/conheca-a-historia-do-14-bis/ internet - facebook - Wander Conceição - 23 de abril de 2022

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