Evandro Sathler
22º dia: Sábado 31 de Julho Fazenda Boa Vista a Diamantina (fim)
Sempre por caminhos pouco descobertos, por serras mui formosas que não têm conta e tantos rios, que em partes, no espaço de quatro ou cinco léguas, passamos cinqüenta vezes contadas por água e muitas vezes, se me não socorressem, me haveria afogado.
Francisco B. de Espinoza544
Última alvorada da Expedição. Era nosso último dia. Não havia como esconder certa melancolia no ar. Parecia que não era para acabar. Por outro lado, os passos eram cada vez mais difíceis. Uma verdadeira confusão de sentimentos.
Tínhamos que partir. A cidade estava toda preparada para nossa chegada. A concentração na Praça do Mercado dos Tropeiros reunia centenas de pessoas. Era o grande acontecimento. Animais extraviados Partimos bem cedo. Mais cedo do que o normal. Tivemos notícia de que naquela noite os animais haviam sido deixados num pasto cercado. Na manhã, para triste descoberta, o pasto não era exatamente o que se poderia dizer cercado. Isto custou aos nossos já cansados tropeiros (mas sempre dispostos) um tempo extra para reunir os animais fugidos. As informações dos tropeiros de antanho nos dão conta de que tal fato era uma constante na lida tropeira. Para nós, tal surpresa foi reservada apenas para o último dia, como se os muares que nos acompanharam quisessem de certa forma nos deixar uma mensagem.
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TROPEIROS & OUTROS VIAJANTES Limpeza a ser feita Reunidos e preparados todos os animais, deu-se a partida. Para o pessoal do apoio restou uma faxina no terreiro da fazenda. A quantidade de lixo, copos descartáveis, guardanapos, latas de cerveja e tudo mais que se puder imaginar foi largado no chão. Os responsáveis pela fazenda, indignados, queriam apenas que tudo ficasse limpo como estava, antes da chegada da Expedição, o que era justo. Em nenhum pouso que ficamos deixamos sujeira. Até porque o pessoal do apoio só deixava o local de pouso depois de certificada a limpeza ou esquecimento de algum objeto. Neste caso da Fazenda Boa Vista, os participantes da festa foram embora e nos deixaram a limpeza a ser feita. Juntamos esforços e não tardou para que uma montanha de lixo estivesse reunida. Seguimos para a estrada, encontrando aqui e ali os caminhantes que agora eram muitos. Parentes dos expedicionários iam se juntando. Éramos muitos. Bem mais que no dia da partida. Cavaleiros, perdemos a conta.
Aos poucos fomos nos reunindo na entrada sul de Diamantina, pelo bairro conhecido por Buraco da Palha. Concentramos num boteco, para aguardar a tropa que não tardou. Havia muita gente: centenas de pessoas espalhadas pelas calçadas aguardando a Expedição passar. Registros Durante o processo de ocupação do interior da colônia brasileira, a Coroa Portuguesa, através de um mecanismo de concessões (contratações) aos vassalos, foi instalando os chamados Registros, localizados em pontos estratégicos, geralmente nas travessias de rios, e neles procedia-se a cobrança de tributos e direitos de passagem. Estes Registros funcionavam também como uma espécie de alfândega, e procediam-se a verdadeiras revistas, buscando-se contrabando de ouro e diamantes nas bagagens de quem quer que por eles passassem. Estes lugares eram o terror dos tropeiros, pois perdia-se um grande tempo com as minuciosos revistas. Uma tropa com 5 lotes podia levar uma semana para atravessar um registro.
Segundo Latif545, Vive-se separado do resto da colônia pela barreira natural das montanhas, reforçada por registros vigilantes que fiscalizam a passagem nos caminhos. E acrescenta: Os contratadores
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Evandro Sathler cobram direitos de trânsito, com postos de registro e de guarda, geralmente situados à passagem dos rios e nas gargantas da serra, pontos forçados que nenhuma tropa pode evitar.
De acordo com Felício dos Santos546, Com a notícia das riquezas de Minas, onde todos os dias se faziam novos “descobertos” de lavras auríferas, a sua população foi crescendo, e em proporção tornavamse mais rendosos os direitos de entradas com o aumento dos consumidores. Ainda segundo este autor, Estabeleceram-se casas de registro nos caminhos do Rio de Janeiro, São Paulo, Bahia e Pernambuco, e proibiu se que alguma pessoa saísse de Minas com ouro, sem levar guia que mostrasse haver pago o quinto. E os comboieiros, quando entrassem em Minas, deviam declarar a importância de suas carregações e comboios, e quando saíssem, deviam mostrar em barras (de ouro) o produto das vendas que faziam. Nesta linha, A Capitania de Minas era sem contestação a que mais rendia para a Coroa; além do imposto da capitação ou do quinto, pagávamos ainda dízimos, direitos de entradas, de passagens de rios, donativos e direitos de ofícios, subsídios voluntários e literários, extração de diamantes e outros muitos, não falando dos impostos indiretos cobrados nas alfândegas. Não convinha, pois, à Corte perder tão abundante manancial de riquezas. Os viajantes eram submetidos a rigorosas buscas nos Registros. Depois de severamente revistado o viajante e todas as pessoas de sua companhia, examinavam suas caixas, malas, carteiras, desmanchavam-se cangalhas, selins, tudo em que se pudessem ocultar diamantes. Muitas vezes o viajante suspendia sua viagem um e mais dias, até pôr em ordem o seu trem. Não obstante todas essas pesquisas, passava nos registros muito diamante de contrabando. Arraial do Tejuco ou Diamantina A chegada a Diamantina é sempre majestosa, não importando por qual caminho se venha. Vejamos alguns comentários sobre o antigo Arraial do Tijuco, começando com Gardner547: estávamos à vista da famosa cidade de Diamantina; (...) conhecido como Arraial do Tijuco, foi em 1839 elevado à dignidade de cidade, sob o nome de Diamantina, por ser capital do distrito do diamante (...) capital de uma rica província, ocupa toda a encosta de uma serra (...) A cidade surge tão subitamente à vista do viajante, que parece chamada à existência por um poder mágico (...) é com efeito um oásis no deserto. Com relação ao comércio e ao trajar do povo,
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TROPEIROS & OUTROS VIAJANTES ele destaca: lojas são bem iguais no aspecto às do Rio de Janeiro e sortidas mais ou menos dos mesmos artigos (...) diferença no modo de trajarem as senhoras aqui, em relação ao que eu observara em outras partes do interior (...) As mulheres são as mais belas que eu vi no Brasil e também os homens são de raça mais fina que os das regiões baixas muitos parecendo mais europeus que habitantes de um clima tropical. Sobre o frio, ele acrescenta: Como só se podia fazer fogo na cozinha, todos costumávamos ficar perto dele o mais possível, principalmente pela manhã; mas era de noite que mais sofríamos. Observando a cidade, Gardner informa: vêem-se nos pomares algumas frutas européias, tais como a maçã, a pêra, o pêssego, o figo e o marmelo (...) provida de água excelente vinda das fontes. Nascentes de água Dizer que Diamantina é um lugar importante não é exagero. Do ponto de vista histórico, é uma cidade única; nenhuma outra no Brasil colônia ou império teve características ou foi tratada como Diamantina, segregada do restante do país. Saint-Hilaire548destaca que Diamantina, ou distrito dos diamantes, fechado não somente aos estrangeiros, mas ainda aos nacionais (...) ficou como que isolado do resto do Universo. E complementa: Os arredores de Tijuco apresentam um solo árido e não produzem nem mesmo os gêneros necessários à subsistência dos habitantes (...) a raridade de madeira nesta região não permite desperdícios. Os tropeiros, antes de adentrar o Arraial do Tijuco, tinham o cuidado de reunir lenha – artigo raro e caro no Arraial – trazendo algumas mulas carregadas, bastante para suas necessidades durante a estadia e o excedente tinha venda garantida. E este viajante acrescenta: Por todos os lados surgem nascentes de água e freqüentemente se ouve o ruído das águas correndo através dos rochedos.
Sobre Diamantina, Spix & Martius549registraram: As regiões onde até então eram achados os diamantes, fôra, de certo modo, elevadas a um Estado isolado dentro do Estado, e com fronteiras exatamente definidas, (...) é um dos arraiais mais florescentes do Brasil (...) Contam-se mais de 6.000 habitantes. Felício dos Santos550informa: “Diamantina é o centro mais importante da província, graças ao desenvolvimento da produção e comércio do diamante, a florescente indústria da ourivesaria, (...) pelo número de
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Evandro Sathler seus habitantes, riqueza, comércio e ilustração, era, sem dúvida, a povoação mais importante da capitania.
A quantidade de diamantes enviados para a Europa nos primeiros anos de exploração excedeu mil onças, o que equivale a quase trinta quilos. O povo do Arraial do Tijuco sempre foi culto e cultivador das letras, mas as restrições de entrada e saída tornavam mais difíceis o acesso à cultura. Vejamos o que Santiago551nos informa: no Tijuco, só havia livros em português e latim. Devido por certo à rigorosa fiscalização; com todas as cargas que entravam no distrito revisadas, qualquer livro em língua estrangeira era estrangeiro e podia e até devia ser apreendido. Felício dos Santos552enfatiza que o povo do Tijuco é louco por dança e pela música. O lugar mais cheio de simpatia no Brasil Burton553tem outras notícias: Entramos agora nas terras diamantinas, que os antigos escritores chamam o Serro, distinguindo Diamantina de Minas das terras diamantíferas da Bahia e de Diamantina em Mato Grosso. O panorama surpreende imediatamente (...) Tudo reflete a aridez e a subversão (...) uma ruína da natureza, uma terra com serras agudas, riscada até a medula, denteada, eriçadas, de picos e de fragmentos de rocha separados por profundas gargantas e fendas (...) Meus três dias passados em Diamantina deixaram-me a melhor impressão acerca de sua sociedade. Os homens são os mais francos, as mulheres as mais bonitas e as mais amáveis que até agora tive fortuna de encontrar no Brasil (...) De Diamantina meu cérebro conserva a lembrança dos sinos das igrejas (...) Falando socialmente, é o lugar mais cheio de simpatia no Brasil conforme minha experiência. Dezenas de cavaleiros Quando a tropa finalmente chegou estávamos reunidos na entrada sul da cidade. Partimos todos rumo ao Mercado dos Tropeiros. Éramos escoltados pela Polícia Militar que, ao longo de toda a Expedição, sempre esteve presente nas entradas e saídas das cidades mais populosas. Os caminhantes, verdadeiros heróis, seguiam na frente, com o Jeep da FUNIVALE abrindo alas. Atrás vinha a tropa, agora multiplicada por dezenas de cavaleiros.
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TROPEIROS & OUTROS VIAJANTES O caminho escolhido para chegar à praça do Mercado dos Tropeiros foi o mais direto, passando em frente à Pousada do Garimpo, e dali no plano até a praça. No caminho, os caminhantes gritavam palavras de ordem, com o refrão: a maior riqueza de Minas é o seu povo. Isto nos lembra a frase de Gorceix554: Minas é um coração de ouro num peito de ferro.
A chegada foi apoteótica. Populares lotavam a praça, aguardando a chegada da Expedição. Banda e marujada A banda da Polícia Militar e a Banda Mirim encantaram a todos. Destaque para o hino nacional. Expedicionários ensaiavam lágrimas no canto dos olhos. O momento era de emoção. Vários familiares dos expedicionários tinham vindo a Diamantina para o gran finale. O momento era de festa. Era bonito ver – naquela bela manhã de sábado – tanta gente reunida, uma quantidade enorme de muares e cavalos, gente sentada pelo chão da rua. Todo aquele colorido ficará guardado na memória de muitos. A emoção explodia nas cores da marujada, no som da banda e no olhar de cada caminhante, todos verdadeiros heróis.
No mercado foi montado um palanque. As autoridades do município lá perfilavam. O Prefeito de Diamantina, João Antunes, saudou a chegada dos expedicionários. Discursos. Nossa passagem pela terra não foi inútil Aos poucos o povo foi se dispersando. A Expedição, da mesma forma que começou, acabou, com o objetivo alcançado. Quase 500 quilômetros caminhados, cavalgados, trilhados palmo a palmo nestes últimos 22 dias. Foram sublimes, para alguns, certamente, uma grande experiência de vida. O povo dos lugares por onde passamos vai se recordar por bom tempo.
Parafraseando Saint-Hilaire, nossa passagem pela terra não
foi inútil.
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Evandro Sathler
Conclusão
Insistimos que nossa proposta é um experimento. Uma proposta para experimentar, explorar, estudar, aprender e contribuir para a solução dos problemas de nossa região, de nossa gente, para um futuro mais justo, mais humano, mais feliz.
FUNIVALE555
A Expedição partiu da Praça Tiradentes, em Ouro Preto, às 10h do dia 10 de julho de 1999, percorrendo a pé e cavalgando os mais de 450km que a separa de Diamantina, onde chegou no dia 31 de julho, por volta das 11h da manhã. A Rede Globo de Televisão fez a cobertura da saída e da chegada, veiculando excelente matéria no MG TV do dia 10 de julho e no Bom Dia Brasil do dia 14, bem como no MG TV de 31 de julho. Com esta exposição na mídia, a população dos povoados, vilas e cidades do trajeto tiveram conhecimento antecipado da passagem da Expedição. Tal fato colaborou sobremaneira para o sucesso da empreitada, pois, mobilizadas as comunidades, não faltou local para pernoite, alimento e suporte estratégico, oferecido gentilmente pelas prefeituras, empresariado, clubes de cavalo, associações e lideranças comunitárias.
O trajeto percorrido foi o mais fiel possível ao utilizado por Spix & Martius na viagem original. Reiteramos que o trajeto utilizado, via Sabará e Caeté, não é o caminho direto entre Ouro Preto e Diamantina, que segue via Mariana e Catas Altas. Vários locais foram identificados de acordo com as citações originais de Spix & Martius, como pontes antigas, fazendas (hoje povoados) e povoados (hoje verdadeiras cidades).
Dos objetivos do Projeto, o único não concretizado foi o lançamento da Pedra Fundamental da Estação de Pesquisa Spix & Martius, no alto do Pico do Itambé. As razões foram de ordem operacional. O Pico do Itambé tem 2002m de altitude e está localizado no Alto Jequitinhonha,
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TROPEIROS & OUTROS VIAJANTES próximo a Serro e Diamantina.
Entretanto, uma série de outros aspectos não previstos como objetivos foram contemplados, com destaque para a espontânea mobilização comunitária. Os festejos promovidos nos povoados, vilas e cidades durante a passagem da Expedição foram muitas vezes organizados espontaneamente pelas comunidades. Em outro momento, pelo Poder Público. Em qualquer caso foi o povo presente às ruas, aplaudindo, vibrando com nossa passagem, motivo de grande emoção para todos. Tal fato demonstrou a importância da Expedição e dos naturalistas Spix & Mrtius que um dia passaram por aquela comunidade. A Estrada Real, acreditamos, irá contribuir para o despertar de um sentimento de valorização das comunidades do trajeto.
Foram também identificados pelo pesquisador Fabiano Lopes de Paula (IEPHA-MG) sítios arqueológicos ao longo do trajeto. A comunidade de Ipoema, no município de Itabira, preparou de improviso uma mostra de objetos utilizados pelos tropeiros. O acervo foi de tal forma surpreendente, até para a própria comunidade, que acabou motivando a Prefeitura Municipal de Itabira a criar o Museu do Tropeiro, inaugurado em março de 2003.
O fotógrafo oficial da Expedição, André Fossati, produziu mais de 1.000 imagens em slide e papel. Todos os expedicionários, de uma forma ou outra, produziram imagens, o que facilmente dobra este número. O câmera man Toni Nogueira produziu cerca de 50 horas de imagens em vídeo, que, somadas às tantas outras horas produzidas pela equipe da LIS PRODUÇÃO, constituem um grande acervo de imagens em vídeo.
Os pesquisadores e expedicionários Luis Pucú, Lucia Velasco, André Fossati, Andréa Labruna, Vânia Gomes, Túllio Marques, Elisa Rezende, Fabiano Lopes de Paula, Humberto Marques, Márcio Santos, Carlos Alberto Pinto e Paulo do Bem Filho produziram e submeteram relatórios para a FUNIVALE, com propostas e abordagens livres. Os relatórios foram disponibilizados no site da instituição, especificamente na página referente ao trecho Ouro Preto – Diamantina do Projeto Expedição Spix & Martius: www.funivale.org.br/esmopdia.
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Evandro Sathler O expedicionário Marcio Santos criou um site para a Expedição e, durante seu andamento, atualizava constantemente as informações, então disponíveis em: http://expedicao.scriptmania.com.
A exposição na mídia impressa, rádio e TV antes, durante e depois de realizada a Expedição foi algo excepcional, graças ao brilhante trabalho de Sonia Pessoa, Assessora de Imprensa do Projeto.
O evento denominado Multiminas, realizado em Belo Horizonte em setembro de 1999, contemplou em sua programação um seminário com exposição de fotos e obras de arte produzidas durante a Expedição. Neste mesmo evento foi exibida uma edição de imagens em vídeo. Tal ensaio mais tarde originou o documentário produzido pela LIS PRODUÇÃO, entregue ao SENAC-MG em dezembro de 1999, encerrando assim as formalidades do Contrato de Parceria firmado com a FUNIVALE. Vale ressaltar que, após a realização da Expedição, a BELOTUR alocou cinco mil reais para o Projeto, recurso este repassado à LIS PRODUÇÃO para subsidiar o documentário.
No mês de março, o Projeto Expedição Spix & Martius estabeleceu uma parceria informal com a Terra Brasilis, operadora de turismo sediada em Salvador, BA, que se entusiasmou pela continuação do Projeto. Ainda em março de 2000, durante a BNTM 2000 (Brazil National Trade Mart) em São Luís, Maranhão, foi lançada a Expedição Spix & Martius – Abril 2001 – Estrada Real do Gado, Salvador-Juazeiro. Como tema, o vaqueiro, em continuação ao projeto de percorrer todo o percurso de Spix & Martius.
Em 5 de abril de 2000, o Projeto (trecho Ouro Preto – Diamantina) foi apresentado no painel do II International Congress & Exhibition on Ecotourism – Salvador, BA, e publicado nos anais do Congresso. Muitos contatos foram realizados. Em Salvador, este autor, coordenador do Projeto, empreendeu pesquisa e aquisição de mapas sobre a Estrada Real do Gado.
A despeito de todos os esforços empreendidos, e do trajeto ter sido pesquisado e mapeado, estando, portanto, pronto para a execução,
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TROPEIROS & OUTROS VIAJANTES a realização deste trecho não tem previsão para execução por absoluta falta de recursos e de sensibilidade das autoridades da Bahia. Durante o evento Multiminas, realizado em Belo Horizonte entre 5 e 10 de setembro de 2000, foi lançado, pelo SENAC-MG, o Guia Estrada Real, de autoria do turismólogo, pesquisador e expedicionário Ronildo Araújo Machado (Ted), com as informações coletadas durante a Expedição Spix & Martius 1999, no trecho Ouro Preto – Diamantina.
O Projeto (trecho Ouro Preto – Diamantina) foi inscrito e selecionado para um painel e publicação nos anais do II Congresso Brasileiro de Turismo Rural, Piracicaba, SP, 9 a 12 de outubro de 2000.
O Projeto, ainda em 2000, foi inscrito para o Prêmio Von Martius, promovido pela Câmara de Comércio Brasil – Alemanha e o Prêmio Henry Ford, promovido pela Fundação Henry Ford. O Projeto não foi contemplado em ambas as inscrições.
Quanto à Estrada Real, o Guia Estrada Real para caminhantes, de Raphael Olivé, trecho Rio de Janeiro – Juiz de Fora, foi lançado em janeiro de 2000. Em abril, foi realizada a Expedição Minas 500 Anos e, em abril de 2001, foi lançado o livro Estradas Reais, de Márcio Santos.
As informações sobre tropeiros, compiladas dos viajantes e cronistas do século XIX, entre outras fontes, e que não se esgotam com este trabalho, nos dão uma noção – ainda que indireta e superficial – de como funcionava a atividade tropeira desde que foi iniciada no Brasil até meados do século XX. As mercadorias transportadas variavam de acordo com a rota, especialmente entre Minas Gerais e a costa, e o sistema produtivo do país, com destaque para o ciclo do ouro e o café.
O modo viajante pouco diferia e era muito mais influenciado pelo clima e pela geografia do que pela dinâmica tropeira. Os termos tropeiros e a indumentária variavam muito pouco de região para região, e mesmo com o tempo. Alimentação e vestimenta dos tropeiros alteraram-se com o tempo, bem como seu status sócio-político, influenciado, sobretudo, pelo ciclo do café.
Outros componentes da atividade tropeira, como os caminhos
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Evandro Sathler que as tropas utilizavam, influenciaram as principais transformações e declínio desta atividade. Primeiramente, com a chegada da estrada de ferro, a partir da segunda metade do século XIX. Este advento foi retirando da atividade tropeira a necessidade das longas jornadas. Uma composição, puxada por uma locomotiva a vapor, tinha uma capacidade de carga infinitamente maior do que uma, duas, vinte tropas. Mas o trem não chegava a toda parte. Por este motivo, a atividade tropeira foi sobrevivendo nos lugares ainda não alcançados pelo trem. Segundo, com o advento dos veículos automotores, principalmente o caminhão, transportador de cargas, e a expansão da malha rodoviária, sobretudo na segunda metade do século XX, a tropa fragmentou-se com espaço para a utilização de uns poucos animais cargueiros entre as roças e as vilas ou cidades.
As longas viagens das tropas, transportando mercadorias, atravessando estados, já não se justificavam. Não era possível competir com a indústria automobilística. Este momento é virtualmente marcado pela década de 70 do século XX. De lá para cá, a tropa cargueira, utilizando muares, povoa apenas o imaginário dos mais antigos, gente com setenta, oitenta e noventa anos, especialmente aqueles que vivem no interior do país.
Apresentamos ao longo do trabalho a teoria de que os tropeiros teriam sido os primeiros empreendedores turísticos no Brasil, resguardando-se proporcionalmente o entendido pelo termo turismo à época (início do século XIX). Na medida em que conduziam visitantes em viagens pelo interior do Brasil, os tropeiros facilitavam sua vida como viajante, intermediando ou fornecendo a infra-estrutura de transporte, alimentação e alojamento nos pousos, da mesma forma como todos à época viajavam. Funcionava ainda como guia ou uma espécie de tour conductor da época.
As viagens narradas pelos cronistas (primeiros turistas) não nos fazem crer que seus objetivos fossem turísticos, na concepção da palavra, que, à época, como vimos, significava viajar pelo prazer de viajar; por curiosidade. Na verdade, a espinha dorsal, a mola propulsora das viagens empreendidas no Brasil pelos naturalistas do século XIX era a ciência, em especial, a botânica. Vários deles se dedicaram - durante as viagens
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TROPEIROS & OUTROS VIAJANTES - a descrever plantas, até então desconhecidas. Sendo a curiosidade um pré-requisito para a investigação científica, nos é possível deduzir e, por conseguinte, ligar esta curiosidade ao prazer de viajar: O gosto pela História Natural faz nascer o de viajar, como reforçou Saint-Hilaire.
Do ponto de vista do fomento da atividade turística entre Ouro Preto e Diamantina, dois patrimônios da humanidade, acreditamos que a Expedição Spix & Martius 1999 – Estrada Real – Ouro Preto – Diamantina tenha contribuído no despertar de alternativas econômicas para as comunidades do trecho. A Estrada Real, enquanto MEIO, e não OBJETO, comporta várias modalidades de atividades turísticas, como abordado em trabalho apresentado e disponível no site da Expedição.
Para que mais acessórios sejam agregados ao produto Estrada Real, urge a capacitação de mão de obra e investimentos horizontalizados. Neste sentido, o SENAC-MG deu o ponta-pé inicial, bem como a Editora Estrada Real.
Ainda neste sentido, temos notícia da criação de uma Associação de Amigos da Estrada Real; a criação do Instituto Estrada Real; e a Sociedade Estrada Real. O Governo Federal, através do Ministério do Esporte e Turismo, teria alocado uma grande soma de recursos para o Instituto Estrada Real implementar uma agenda de investimentos neste produto. É importante, em se tratando de recursos públicos, que a sociedade civil organizada, in casu, as entidades acima mencionadas, bem como a AMO-TE e outros atores, como a Secretaria de Turismo do Estado de Minas Gerais, acompanhem o destino destes recursos, e que eles tragam o desejado fortalecimento do produto Estrada Real e o bem estar das populações envolvidas, presentes e futuras.
A FUNIVALE segue com as mesmas dificuldades operacionais, caracterizadas pela falta de recursos: com eles seria possível multiplicar os resultados. Especialmente recursos para custear o gerenciamento da própria entidade, ou criar um departamento de fund raising.
O trabalho voluntário vem sendo incentivado pelo Estado. E muitas ONGs existem e desempenham trabalhos de relevância pública, graças ao trabalho de voluntários. A estes podemos somente agradecer mas
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Evandro Sathler nada exigir. A FUNIVALE há doze anos conta com a atuação de voluntários no seu gerenciamento. Tudo que já foi feito, em grande parte, o foi pela mão voluntária. Alguns destes sacrificam sua atividade profissional ou tomam tempo da família na lida voluntária. Além de todo o tempo e energia, ainda bancam do próprio bolso os recursos necessários para custear viagens e tantas outras despesas da atividade voluntária. Mas uma ONG, para expandir sua capacidade de atuação, necessita profissionalizar-se. Para tal são necessários recursos. É necessário gastar para obter dinheiro. Enquanto a FUNIVALE não consegue acender uma tocha, segue adiante, com uma pequenina, mas importante velinha, acesa, bem acesa, iluminando as idéias e os caminhos do Vale do Jequitinhonha de Minas Gerais, rumo a uma universidade livre, experimental e comunitária, e agora, mais que nunca, também itinerante.
NOTAS
1Associação pró-FUNDAÇÃO UNIVERSITÁRIA DO VALE DO JEQUITINHONHA. É uma organização não-governamental, fundada em 1989, com sede na região do Alto Jequitinhonha, no distrito de São Gonçalo do Rio das Pedras, em Serro – MG. A entidade tem por objetivo uma universidade livre, experimental e comunitária para todo o vale do Jequitinhonha. 2 Wied-Neuwied, Maximiliano. Viagem ao Brasil. Belo Horizonte, Itatiaia, 1989, p.370. 3 Mawe, John. Viagem ao interior do Brasil. São Paulo, Itatiaia, 1978, p.121. 4 Pohl, Johann Emanuel. Viagem ao interior do Brasil. Belo Horizonte, Itatiaia, 1976, p.395. 5 Saint-Hilaire, Auguste de. Viagem pelas províncias do Rio de Janeiro e Minas Gerais. Belo Horizonte, Itatiaia, 1975, p.70/69. 6 Spix & Martius. Viagem pelo Brasil. São Paulo, Itatiaia, 1981, Volume I, p.205. 7 op. cit. Viagem pelas províncias do Rio de Janeiro e Minas Gerais, p.70. 8 Santos, Lúcio José dos. História de Minas Gerais. s/1, s/e, 1972, p.85. 9 O povoado pertence ao Distrito de Glaura, município de Ouro Preto e dista 9km de Cachoeira do Campo e 8km para Glaura. O povoado abriga em torno de 350 habitantes, segundo o Sr. José Lopes. 10 Novo Aurélio. Edição Século XXI. 11 Goulart, José Alípio. Tropas e tropeiros na formação do Brasil. Rio de Janeiro, Conquista, 1961, p.16/63/64/108. 12 op. cit. p.148. 13 op .cit. Vol. I, p.91. 14 op. cit. Tropas e tropeiros na formação do Brasil, p.103. 15 op. cit. Viagem pelas províncias do Rio de Janeiro e Minas Gerais, p.224. 16 op. cit. p.255. 17 op. cit. Viagem pelas províncias do Rio de Janeiro e Minas Gerais, p.254. 18 op. cit. p.35. 19 op. cit. Tropas e tropeiros na formação do Brasil, p.103/104. 20 op. cit. V. II, p.17. 21 O povoado de Glaura tem este nome em homenagem à personagem cantada em poema por Alvarenga Peixoto. O nome anterior era Santo António da Casa Branca. O nome foi trocado em 1943, segundo Joaquim Ribeiro da Costa. Toponímia de Minas Gerais, Belo Horizonte, Imprensa Oficial do Estado, 1970, p.241. 22 op. cit. p.51. 23 op. cit. V. II, p.17. 24 Saint-Hilaire, Viagem pelo distrito dos diamantes e litoral do Brasil. Belo Horizonte, Itatiaia, 1974, p.79/80. 25 Burton, Richard Francis. Viagem aos planaltos do Brasil. São Paulo, Brasiliana, 1983, Volume II, p.146. 26 Maria de Lurdes Figueiredo, Flavinho, Aparecida Guimarães, Antônio Márcio e Aílza Silva. 27 Viagem pelas províncias do Rio de Janeiro e Minas Gerais. Op. cit., p.17. 28 op. cit., p.38/147. 29 op. cit., p.93/214/352/374/376/442. 30 op. cit., volume I, p.187. 31 op. cit., volume I, p.102. 32 valores de julho de 1999. 33 Quem se dispusesse a viajar para o interior, numa direção ou outra, passaria eventualmente por Minas Gerais nos cruzamentos das Estradas Reais, a exemplo das principais ferrovias e rodovias da atualidade. 34 CEBALLOS-LASCURÁIN, Hector. Tourism, ecotourism and protected areas. IUCN, 1996, p. I – tradução livre do autor para “individuals who travels for the pleasure of travelling, out of curiosity”.
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Evandro Sathler 35 Acuruí, distrito do município de Itabirito, significa “rio de seixos” ou “rio de pedras” em tupiguarani. Rio das Pedras era o nome do distrito até 1943, quando teve seu nome substituído pelo nome atual pelo Decreto 1.058, o mesmo que mudou o nome de Santo Antonio da Casa Branca para Glaura, segundo Joaquim Ribeiro Costa, op. cit. 36 op. cit., Vol. II, p.17. 37 Viagem pelo distrito dos diamantes e litoral do Brasil. op. cit., p.79. 38 op. cit., Vol. II, p.147. 39 Arbusto da família das leguminosas-mimosóideas (Stryphinodendron barbatiman), cuja madeira é própria para obras expostas, marcenaria e torno, de cuja casca, com propriedades adstringentes, se extrai matéria tintorial vermelha, tida por medicinal – Aurélio Século XXI, Editora Nova Fronteira. 40 op. cit., p.490. 41 op. cit., Volume I, p.102. 42 Viagem pelas províncias do Rio de Janeiro e Minas Gerais, op. cit., p.41. 43 BUNBURY, Charles Fox. Viagem de um naturalista inglês ao Rio de Janeiro e Minas Gerais. Belo Horizonte, Itatiaia, 1981, p.51. 44 Tropas e tropeiros na formação do Brasil, op. cit., p.69. 45 MAIA, Tom & Therea Regina de Camargo. O folclore das tropas, tropeiros e cargueiros no Vale do Paraíba. Ministério da Educação e Cultura, 1980, p.18. 46 Viagem pelo distrito dos diamantes e litoral do Brasil. op. cit., p.119. 47 SANTOS, Lindalvo Bezerra. Burros de Carga. Apud Tipos e aspectos do Brasil. Rio de Janeiro, IBGE, 1975, p.286. 48 PEREIRA, Sebastião Ângelo da Silva. Itambacuri e sua história. Volume II, s/1, s/e, s/d, p.24. 49 RUGENDAS, João Maurício. Viagem pitoresca através do Brasil. Belo Horizonte, Itatiaia, 1979, p.52. 50 op. cit., Volume I, p.176. 51 op. cit., p.347/348. 52 idem, p.393/407. 53 op. cit., Volume I, p.181. 54 Caixeiro-viajante. Novo Aurélio, Século XXI.55 Diogo de Vasconcelos. História média das Minas Gerais. Belo Horizonte, Itatiaia, 1999, p.192. 56 Este vocábulo não foi encontrado em qualquer dicionário. Cremos que o Sr. Basílio quis dizer que a “estrada era muito movimentada”. 57 op. cit. p.17/21/23... 58 op. cit. volume I, p.171. 59 op. cit. p.20/32/34. 60 op. cit. p.24. 61 op. cit. p.45/76. 62 op. cit. volume II, p.18. 63 VILLAS BOAS, Orlando & Cláudio. A marcha para o oeste. São Paulo. Globo, 1994, p.63/69/ 122. 64 Rio Acima – Paróquia de Santo Antonio do Rio Acima, município de Sabará, de existência anterior a 1745. Restabelecido pela Lei n.138 de 3.IV.1839 e Lei n.209 de 7.IV.1841, a mesma que suprimiu o Distrito de Santa Rita e o incorporou ao de Santo Antonio do Rio Acima. Incorporado ao município de Nova Lima pelo Decreto n.364 de 5.XII.1891. Município e cidade pela Lei n.336 de 27.XII.1948, segundo Joaquim Ribeiro Costa, op. cit., p.346. 65 op. cit. volume I, p.278/279. 66 Viagem pelo distrito dos diamantes e litoral do Brasil, op. cit., p.79. 67 op. cit., p.64/48. 68 RIBEIRO, Wagner. Noções de cultura mineira. São Paulo, F.T.D. S/A., 1966, p.188/189. 69 op. cit. p.24. 70 CUNHA, Euclides da. Os sertões. Belo Horizonte, Itatiaia, 1998, p.293/245/342/348. 71 SANTIAGO, Luís. O vale dos boqueirões. Almenara. Boca das Caatingas, 1999, p.246. 72 apud GOULART, José Alípio. O mascate no Brasil. Rio de Janeiro, Conquista, 1967, p.150.
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73 op. cit., p.24/25/30. 74 op. cit., p.413. 75 idem p.410. 76 op. cit., p.267. 77 LENHARO, Alcir. As tropas da moderação. Rio de Janeiro, Biblioteca Carioca, 1992, p.79. 78 op. cit., p. 220. 79 ZAMELLA, Mafalda P. apud Tropas e tropeiros na formação do Brasil, op. cit., p.107. 80 op. cit., p.108. 81 LATIF, Miran M. de Barros. As Minas Gerais. Rio de Janeiro, Editora S.A., A Noite, s/d., p.163. 82 apud As tropas da moderação, op. cit., p.96. 83 D’VILANOVA, Marielza Carneiro. Contos e histórias de Conceição do Coité. Conceição do Coité, s/e., 1985, p.14. 84 op. cit., p.108. 85 ZAMELLA, Mafalda P. , apud Tropas e tropeiros na formação do Brasil, op. cit., p.107. 86 apud Tropas e tropeiros na formação do Brasil. op. cit., p.288. 87 op. cit., p.108. 88 Governador de São Paulo em 1927. 89 apud Tropas e tropeiros na formação do Brasil. op. cit., p.109. 90 apud Tropas e tropeiros na formação do Brasil. op. cit., p.115/116. 91 op. cit., p.67. 92 op. cit., p.360. 93 op. cit., Vol. I, p.155. 94 op. cit., Vol. III, p.252/253. 95 op. cit., p.361/35/36. 96 op. cit., p.268/8. 97 DEAN, Warren. A ferro e fogo. São Paulo, Cia. Das Letras, 1996, p.128/222. 98 Tropas e tropeiros na formação do Brasil. op. cit., p.31/35. 99 FREITAS, Paula, apud QUEIROZ, Dinah Silveira de. Livro dos transportes. Rio de Janeiro, Ministério dos Transportes – Serviço de Documentação, 1969, p.85. 100 op. cit., p.21/33/34/76/78/85. 101 op. cit., Voluma I, p.280. 102 op. cit., p.91. 103 Caxinguelê. Também conhecido por Serelepe. Designação comum a mamíferos roedores ciurídeos, gêneros Sciurus, Microsciurus e Sciurillus. São arborícolas, exclusivamente das matas, não vivendo nos cerrados ou caatingas; têm a cauda provida de longos pelos. [Sin., em diversos estados do Brasil: acutipuru, caitité, caticoco, caxinganga, caxinguelê, caxixe, caxinxa, caxinxe, coxicoco, cutia-de-pau, esquilo, papa-coco, quatiaipé, quatimirim e quatipuru. Cf. quatipuruaçu e quatipuruzinho.] Novo Aurélio, Edição Século XXI. 104 José Lopes Matias, o Vivinho, foi nosso guia de Maia até Raposos. 105 Endorfinar. Expressão corrente entre os caminhantes que significa estar sobre o efeito da endorfina, produzida naturalmente pelo organismo, e que dá a sensação de ausência de cansaço e dor, fazendo com que a pessoa sob este efeito se supere e, em vez de buscar descanso, fica mais disposto. Endorfina: qualquer de certos peptídeos que ocorrem no cérebro, na hipófise e outros tecidos de vertebrados, capazes de produzir ação antálgica prolongada, e cujos efeitos se assemelham aos da morfina. Novo Aurélio, Edição Século XXI. 106 op. cit., Volume I, p.375. 107 Sino de bronze, metal ou cobre que se pendurava por uma correia de couro ao pescoço da égua madrinheira para manter a tropa reunida no pasto. Cada um dos canecos em bronze, metal ou cobre, da besta dianteira. O mesmo que caneco, sino ou sineta. MAIA, Tom e CAMARGO, Thereza Regina. O folclore das tropas, tropeiras e cargueiros no Vale do Paraíba. Ministério da Educação e Cultura, 1980; Campainha grande pendente do pescoço da besta que serve de guia às outras. Novo Aurélio, Edição Século XXI.
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108 op. cit., p.56. 109 Tropa ligeira, sem bagagem nem artilharia. Novo Aurélio, Edição Século XXI. 110 Porto de Estrela – localizado à beira do Rio Inhomirim (fundo da Baía de Guanabara) foi um importante entreposto entre Minas Gerais e o Rio de Janeiro, nos séculos XVII e XIX. Será melhor abordado adiante. 111 Município de Itabira. 112 Cesta larga e pouco alta, tecida de fasquias de madeira flexível, ou de verga. 113 Trempe – arco de ferro com três pés sobre o qual se põem panelas que vão ao fogo. [Sin., brás.: tripé.] Novo Aurélio, Edição Século XXI; armação feita sobre o fogo com três varas, de ferro ou de madeira verde colhida na hora, para servir de fogareiro. As varas, aproximadamente de um metro, eram fincadas no chão em triângulo, distantes uma da outra aproximadamente meio metro, sendo unidas em cima por uma correia de couro, da qual pendia uma corrente de ferro de 25cm, com um gancho, onde se pendurava o caldeirão. Maia, Tom & Thereza Regina de Camargo, op. cit., p.102. 114 ZAMELA, Mafalda. Apud Tropas e tropeiros na formação do Brasil. op.cit., p.172. 115 Viagem pelo distrito dos diamantes e litoral do Brasil. op. cit., p.111. 116 Tropas e tropeiros na formação do Brasil. op. cit., p.111. 117 op. cit., p.289. 118 op. cit., p.127/145. 119 GARDNER, George. Viagem ao interior do Brasil. Belo Horizonte, Itatiaia, 1975, p.84. 120 Tropas e tropeiros na formação do Brasil. op. cit., p.175. 121 op. cit., p.74. 122 op. cit., p.82/110/112. 123 op. cit., Volume III, p.69. 124 op. cit., p.338. 125 Hoje Minas Novas. 126 op. cit., Volume I, p.120. 127 op. cit., Volume I, p.350. 128 Afonso Arinos apud Agroceres. Travessia do sertão ao agrobusiness. São Paulo, S/e. s/d. p.290/300. 129 op. cit., p.59. 130 op. cit., p.80/81. 131 op. cit., p.78. 132 SAINT-HILAIRE, Auguste de. Viagem às nascentes do rio São Francisco. Belo Horizonte, Itatiaia, 1975, p.32/53/74. 133 SANTOS, Joaquim Felício dos. Memórias do Distrito Diamantino. Petrópolis, Vozes, 1978, p.112/282. 134 op. cit., p.413. 135 CALÓGERAS, João Pandiá. Formação histórica do Brasil. São Paulo, Brasiliana, 1980, p.156. 136 Viagem pelo distrito dos diamantes e litoral do Brasil. op. cit., p.34. 137 op. cit., p.24. 138 Tropas e tropeiros na formação do Brasil. op. cit., p.114. 139 op. cit. p.94. 140 op. cit., Volume II, p.265. 141 op. cit., p.148. 142 Viagem pelas províncias do Rio de Janeiro e Minas Gerais. op. cit., p.49. 143 Idem, p.243/351. 144 op. cit., Volume II, p.261. 145 op. cit., Volume II, p.123/124/130/131. 146 op. cit., p.54/56. 147 Descrição do expedicionário Márcio Santos. 148 op. cit., p.19.
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149 op. cit., p.224. 150 op. cit., Volume II, p.157. 151 Viagem pelo Distrito dos Diamantes e litoral do Brasil. op. cit., p.74 e 76. 152 op. cit. p.58. 153 op. cit., Volume I, p. 72 / Volume II, p.60/122. 154 Viagem às nascentes do rio São Francisco. op. cit. p.136. 155 op. cit., Vol. II, p.155. 156 Tropas e tropeiros na formação do Brasil. op. cit., p.49. 157 Viagem pelo distrito dos diamantes e litoral do Brasil. op. cit., p.188. 158 op. cit., p.340. 159 op. cit., p.210. 160 op. cit., p.224. 161 op. cit., Volume I, p.247. 162 Tropas e tropeiros na formação do Brasil, op.cit., p.98. 163 Viagem pelas províncias do Rio de Janeiro e Minas Gerais, op.cit., p.133. 164 Calógeras apud Tropas e tropeiros na formação do Brasil. op. cit., p.170. 165 op. cit., p.243. 166 op. cit., p.113, 123. 167 op. cit., p.65. 168 Tropas e tropeiros na formação do Brasil. op. cit., p.180. 169 idem, p.165. 170 op. cit., p.91. 171 op. cit., p.63. 172 op. cit., Volume I, p.55. 173 op. cit., p.124, 122, 104. 174 O mascate no Brasil, op. cit., p.145. 175 op. cit., p.106. 176 op. cit., p.202. 177 op. cit., Vol. II, p.265/299. 196 op.cit., Volume II, p.103. 197 op. cit. p.198/205/299. 198 Calógeras apud Livro dos transportes, op. cit., p.68. 199 op. cit. p.17/24. 200 Idem p.23/35 201 op. cit., p.52/54. 202 op. cit., p.124. 203 op. cit., Vol. III, p.147. 204 op. cit., Vol. II, p.261. 205 op. cit. p.79. 206 idem, p.119. 207 idem ibidem p.107/114. 208 Viagem pelas províncias do Rio de Janeiro e Minas Gerais. op. cit, p.42. 209 op. cit., p.491. 210 op. cit., Vol. I, p.191. 211 op. cit., p.371. 212 idem p.90/76/78/287. 213 Viagem às nascentes do rio São Francisco. op. cit., p.111. 214 op. cit., Vol. I, p.109/113. 215 op.cit., p.36/45. 216 apud Livro dos transportes. op. cit. p.70. 217 idem p.70. 218 op. cit., p.188. 219 op. cit., p.184.
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220 op. cit., p.85. 221 op. cit., p.28. 222 Copo ou vasilha para líquidos, feita de chifre. 223 op. cit., Vol. II, p.22. 224 op. cit., Vol. II, p.10. 225 op. cit., Vol. I, p.83. 226 op. cit., p.8. 227 Viagem pelo distrito dos diamantes e litoral do Brasil. op. cit., p.83/117/169. 228 op. cit., p.187. 229 Viagem pelas províncias do Rio de Janeiro e Minas Gerais. op. cit., p.308. 230 op. cit., Vol. II, p.133. 231 op. cit., p.165/178/274. 232 op. cit., p.219. 233 op. cit., p.224. 234 Viagem pelo distrito dos diamantes e litoral do Brasil. op. cit. p.187. 235 op. cit. p.232. 236 Viagem às nascentes do rio São Francisco. Belo Horizonte, Itatiaia, 1975, p.184. 237 op. cit., p.216. 238 op. cit., Vol. II, p.131. 239 op. cit., p.454/5. 240 op. cit., Vol. I, p.176/115. 241 op. cit., p.371/215. 242 op. cit., p.68/71/158/242. 243 op. cit., Vol. II, p.380. 244 op. cit., p.61. 245 op. cit., p.88. 246 op. cit., Vol. I, p.103/182. 247 op. cit., p.207. 248 op. cit., Vol. I, p.104. 249 Viagem pelas províncias do Rio de Janeiro e Minas Gerais. op. cit., p.139. 250 GARDNER, George. Viagem ao interior do Brasil. Belo Horizonte, Itatiaia, 1975, p.65. 251 op. cit., Volume I, p.104.252 op. cit., p.51/52. 253 idem, p.90/91/193. 254 op. cit., p.71. 255 op. cit., p.90/91. 256 op. cit., Vol. II, p.170. 257 op. cit., Vol. II, p.22. 258 op. cit., p.70. 259 op. cit., p.218/220. 260 Viagem pelo distrito dos diamantes e litoral do Brasil. op. cit., p.56/57. 261 Nossa Senhora do Porto, hoje Guanhães. 262 op. cit., Vol. II, p.23. 263 op.cit., p.377.64 op. cit., p.30. 265 idem, p.182. 266 op. cit., p.47. 267 op. cit., p.176. 268 op. cit., p.224/5. 269 op. cit., p.89. 270 op. cit., p.222. 271 Viagem pelo distrito dos diamantes e litoral do Brasil. op. cit., p.69. 272 Spix & Martius. Viagem pelo Brasil. Belo Horizonte, Itatiaia, 1981, Volume I, p.122. 273 op. cit., p.23/32/36/40/42/84. 274 Tropas e tropeiros na formação do Brasil. op. cit., p.85.
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275 idem, p.129/130. 276 Viagem pelo distrito dos diamantes e litoral do Brasil. op. cit., p.118. 277 op. cit., p.137. 278 op. cit., Vol. I, p.177/8. 279 op. cit., p.54. 280 Viagem pelas províncias do Rio de Janeiro e Minas Gerais. op. cit., p.291. 281 op. cit., p.175. 282 op. cit., p.90/59/150. 283 op. cit., Vol. I, p.116. 284 op. cit., p.443. 285 op. cit., Vol. I p.154/5. 286 op. cit., Vol. II, p.314. 287 op. cit., p.377. 288 op. cit., p.218. 289 op. cit., p.21/68/70/72/73/77. 290 op. cit., p.54. 291 Viagem às nascentes do rio São Francisco, op. cit., p.22/156/345. 292 Planta da família das palmáceas (Cocos coronata), de drupas comestíveis, cuja medula fornece fécula e cuja semente fornece óleo alimentar. Var.: alicuri, aricuí, iricuri, uricuri, ouricuri, licuri, nicuri; sin.: urucuriiba, coco-cabeçudo, coqueiro-cabeçudo, butiá, butiazeiro, licurizeiro. Novo Aurélio – Edição Século XXI. 293 Conforme se verifica na entrevista, o Sr. João se diz “servidor” porque servia no mercado, ou seja, era alguém que regularmente trazia mercadorias para a venda, como um abastecedor. Nada a ver com servidor público. 294 Miudeza, bugiganga. Novo Aurélio – Edição Século XXI. 295 COSTA, Joaquim Ribeiro. Toponímia de Minas Gerais. Belo Horizonte, Imprensa Oficial. 1970, p.255. 296 Cobu – biscoito de fubá, assado sobre folhas de bananeira; João-deitado. Novo Aurélio – Edição Século XXI. 297 O Sr. Dário se refere a ficar atolado, preso, agarrado no barro. 298 Não foi possível identificar de que lugar se tratava. 299 Sul de Minas. 300 Local onde jantamos na noite de 19 de julho. 301 A Fazenda Cabo D’Agosta foi o local de pernoite de Spix & Martius op. cit. Volume II, p.23. 302 Frigorífico Frimisa, Frimusa (?); segundo o Dr. Ivens Sathler, médico veterinário, este frigorífico estatal foi construído na década de 50, gestão do Governador Juscelino Kubitschek. Alguns anos depois, foi consumido por um incêndio.03 op. cit., Vol. II, p.209. 304 Mariposa. 305 Viagem às nascentes do rio São Francisco. op. cit., p.43. 306 op. cit., p.54/119/100/87. 307 idem, p.413/415. 308 op. cit., Vol. I, p.116. 309 op. cit., p.62/190. 310 op. cit., p.63. 311 Viagem pelas províncias do Rio de Janeiro e Minas Gerais. op. cit., p.43. 312 op. cit., p.94. 313 GOULART, José Alípio. Tropas e tropeiros na formação do Brasil. Rio de Janeiro, Conquista, 1961, p.133. 314 Viagem às nascentes do rio São Francisco. op. cit., p.23. 315 op. cit., Vol. I, p.193. 316 Viagem pelas províncias do Rio de Janeiro e Minas Gerais, op. cit., p.40/52. 317 Viagem pelas províncias do Rio de Janeiro e Minas Gerais. op. cit., p.225. 318 Viagem pelo distrito dos diamantes e litoral do Brasil. op. cit., p.55.
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Evandro Sathler
319 op. cit., p.377. 320 op. cit., Vol. II, p.23. 321 op. cit., p.377. 322 Norma Vilhena trabalha com documentos antigos e é mulher de Raphael Olivé. Esteve na partida, em Ouro Preto, e passou a integrar a Expedição desde a Fazenda João Congo. 323 op. cit., Vol. II, p.148. 324 op. cit., Vol. II, p.282. 325 Tropas e tropeiros na formação do Brasil. op. cit., p.114. 326 op. cit., p.51/106. 327 op. cit., p.63. 328 op. cit., p.26/39/81. 329 Viagem às nascentes do rio São Francisco, op. cit., p.55. 330 op. cit., p.80. 331 op. cit., p.54/56. 332 Tropas e tropeiros na formação do Brasil. op. cit., p.121/122/126. 333 op. cit., p.348. 334 op. cit., p.216. 335 op. cit., p.65. 336 op. cit., p.113. 337 op. cit., Vol. II, p.23. 338 op. cit., p.145/146. 339 op. cit., p.376. 340 Viagem pelas províncias do Rio de Janeiro e Minas Gerais. op. cit., p.130. 341 op. cit., p.217. 342 Alfredo Ellis Junior apud. Tropas e tropeiros na formação do Brasil. op. cit., p.36/151/154/ 156/157. 343 op. cit., Vol. I, p.156. 344 Tropas e tropeiros na formação do Brasil. op. cit., p.36/153/159/160. 345 Taunay apud Tropas e tropeiros na formação do Brasil. op. cit., p.155. 346 op. cit., Vol. I, p.175. 347 op. cit., Vol. III, p.73. 348 Tropas e tropeiros na formação do Brasil. op. cit., p.153. 349 op. cit., p.17. 350 op. cit., p.158. 351 op. cit., p.64/117. 352 POTSCH, Waldemiro. O Brasil e suas riquezas. São Paulo, Livraria Francisco Alves, 1955, p.82. 353 TORRES, A. P.; JARDIM, W. R. Criação do cavalo e de outros eqüinos. São Paulo, Nobel, 1992, p.33. 354 op. cit., Vol. II, p.241. 355 Viagem pelo distrito dos diamantes e litoral do Brasil, op. cit., p.134. 356 op. cit., p.52/53. 357 Viagem pelas províncias do Rio de Janeiro e Minas Gerais. op. cit., p.19/20. 358 O mascate no Brasil, op. cit., p.74. 359 op. cit., p.93. 360 Viagem pelo distrito dos diamantes e litoral do Brasil. op. cit., p.149. 361 op. cit., p.183. 362 op. cit., p.379, 456. 363 Tropas e tropeiros na formação do Brasil. op. cit., p.147. 364 op. cit., p.177. 365 Viagem pelas províncias do Rio de Janeiro e Minas Gerais. op. cit., p.244. 366 op. cit., p.372.
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TROPEIROS & OUTROS VIAJANTES
367 idem, p.496. 368 op. cit., Vol. II, p.113. 369 John Manuel Monteiro, apud História pré-colonial do Brasil. Rio de Janeiro, Europa Empresa Gráfica e Editora s/a, p.190. 370 Tropas e tropeiros na formação do Brasil. op. cit., p.53/54. 371 op. cit., p.17/23. 372 op. cit., p.33. 373 op. cit., p.36/99. 374 SANTOS, Marcio. Estradas reais. Belo Horizonte, Editora Estrada Real, 2001.375 Hoje Fazenda Borda do Campo – município de Antonio Carlos, próximo a Barbacena, Minas Gerais. 376 A praia dos mineiros localizava-se à época entre a estação das barcas na praça XV e o I Distrito Naval. 377 op. cit., Vol. I, p.88/91. 378 op. cit., p.109. 379 op. cit., p.74. 380 op. cit., p.51. 381 Viagem às nascentes do rio São Francisco. op. cit., p.22. 382 OLIVÉ, Raphael. Guia Estrada Real. Belo Horizonte. Editora Estrada Real, 2000, p.34. 383 O mascate no Brasil. op. cit., p.73. 384 idem, p.72. 385 op. cit., Vol. I, p.176. 386 Viagem pelas províncias do Rio de Janeiro e Minas Gerais. op. cit., p.66/207. 387 op. cit., Vol. I, p. 127 388 Viagem pelo distrito dos diamantes e litoral do Brasil. op. cit., p.30/53/101. 389 op. cit., p.176. 390 op. cit., p.65/83/136. 391 op. cit., Vol. I, p.181. 392 Gochnatia Polymorpha Less. Cabr. – família das Compositae. 393 op. cit. Vol. II, p.24. 394 op. cit., p.146. 395 op. cit., p.217. 396 Viagem pelas províncias do Rio de Janeiro e Minas Gerais. op. cit., p. 131. 397 Conjunto de capados (porco castrado que se destina à engorda). 398 Viagem às nascentes do rio São Francisco, op. cit., p.27/28/132. 399 Viagem pelo distrito dos diamantes e litoral do Brasil. op. cit., p.128/133/135/136/137/161. 400 op. cit., p.175 401 apud Livro dos Transportes, op. cit., p.401. 402 apud Livro dos Transportes, op. cit., p.91. 403 op. cit., p.370. 404 Viagem pelo distrito dos diamantes e litoral do Brasil. , op. cit., p.128. 405 op. cit., p. 35. 406 Viagem pelas províncias do Rio de Janeiro e Minas Gerais. Belo Horizonte, Itatiaia, 1975,
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