Atingiu, afinal, a um tamanho enorme, partindo o cruzeiro em que nasceu, e cada vez mais viçosa, a bela gameleira do Rosário (ficus doliaria Mart), um dos mais senão o mais curioso caso natural que temos presenciado neste cidade.
Essa gameleira, que é de qualidade branca, nasceu, há 40 anos, de uma pequena e imperceptível fresta do cruzeiro, logo depois que os seus martírios foram reformados, em 1903, pelos saudosos diamantinenses Francisco Ferreira, vulgo Chico Quêquêta e Julio Fonseca, o primeiro marceneiro e o segundo muita habilidosos.
Julio Fonseca, alguns dias depois, desaparecera, misteriosamente, da cidade, sem que fosse encontrado dele se tivesse notícia.
Aflita sua família, pôs-se esta em pesquisas, assim como o Delegado de Polícia na ocasião, Capm. João César de Oliveira.
A 5 de maio do mesmo ano, era descoberto o corpo de Julio Fonseca, atirado entre serrotes, nas proximidades de um cruzeiro, no Bairro da Palha. O cadáver, apresentando indícios vemente de um crime, a autoridade abriu rigoroso inquérito, organizou-se processo, sendo descoberto o crime e seus autores, e apurando-se que o assassinado fora pepetrado no Largo D. João, desta cidade.
A gameleira em apreço, tem se conservada sempre viçosa e resistido as prolongadas secas, mesmo antes de sua raiz alcançar á terra.
Em frente á igreja do Rosário, ela ali se acha, sem os cuidados que lhe deviam ter sido dispensados.
Todos os que nos visitam, admiram esse caso curioso, de tão bela e rara originalidade, mas que nos recorda um assassinato bárbaro e desumano, que feriu e enlutou uma distinta e tradicional família.
VD, pág. 2, nº 43, 1944.
Acervo Zé da Sé - Igreja do Rosário de Diamantina e o antigo Teatro Santa Isabel e de frente o cruzeiro e a gameleira apontando as suas primeiras ramas.
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