Quem diria que a Diamantina moderna, que se tornou
esportista e equilibrista, chegaria, um dia, a ter esse movimento colosso nas
ruas principalmente, aos domingos á noite?!
Apesar do tempo úmido
e chuvoso o fooling permanece com animação, extendendo-se da Rua Campos de
Carvalho ás imediações amorosas do Prédio Bizorreta, onde os galos cantam, mas
os pobres pais não ouvem.
imagem da Internet
Ah! Se as pedras
falassem, quanta coisa interessante se apanharia nesse vai e vem noturno!...
Chico Olímpio vai
muito bem substituindo o João Tampinha, que chegou á Rio Branco, capital do
Acre, viajado em avião, do Rio aquela ferícissima região dos seringais.
Foi a negócio de
borracha, é de borracha, com efeito, estamos carecendo de nós, pra recolocar os
bons costumes em seus lugares.
Chico Olímpio é
filósofo e conhece muito bem matemática. Já observou aqui uma esquisita equação
entre duas quantidades heterogenia...
Luta-se com em
descarado racionamento que a moral social repele.
São muitas as
justinas desobedientes pelo solitoso assanhamento, com que rebaixam, dando
confiança a mequetrefes lagartixas que não enxergam o seu lugar.
Chegou a temporada
satânica do andamento moral e os corruptores das filhas alheias precisam ser
castigados e afastados do convívio honesto de uma sociedade onde se cultiva
ainda o lírio do mal e as flores perfumosas da água de flor da laranjeira.
O escândalo que se
reproduz em plena praças da cidade, porque a vergonha barateou demais, já se
repete, a miúde, em nossas ruas e vielas, como se fosse a coisa mais natural
deste mundo.
Ainda, há pouco que
se deu, atrás da Catedral?
Pai Elias foi buscar a filha.
Na Capistrana do Macau;
Mas quem diria que o pai da Fina, apanhasse dum
Bate-Pau?.... (1)
A desenvoltura pela imprudência reclama nas ruas um dique de
cimento armado...
A coisa gente, não está toda podre e perdida não, valha nos
Deus!
Chico Olímpio ouviu lá na Rua do Meio este diálogo,
interessante, entre uma empregadinha e uma tia velha, aliás bem confortador:
- Tia Geralda, eu não vou nisso. Esses bailes do Arraial de
Baixo, Morro do Capeta, Samambaia, Arraial dos Forros, Rio Grande, Palha e Alto
da Poeira, dão sempre pau, ginástica, facada e tiro de pólvora... Cruz, Ave
Maria! - Vai pensando sempre, assim, filhinha, é carrapicho tá brabo e Sizita
não está satisfeita, não! Chora, coitada, toda noite!...
Oleré! Novo bacaret, S/A!...
Ecos da Rua, Voz de Diamantina, pág. 2, nº23, Diamantina, 10 de janeiro de 1943.
(1) (Para quem não sabe o que é o Bate-Pau era a polícia que
ficava com o cacete reforçado para bater nos delinquentes desordeiros na antiga
Diamantina). Isto ocorreu durante o período da Revolução de 1930, foi convocado todos os policiais da cidade para o embate. Não ficando nenhuma polícia militar na cidade, a Prefeitura contratou temporário os policiais para tomar conta da cidade e colocar ordem. Estes policias usavam o uniforme da cor crepe e na cintura carregavam um grande porrete. Daí veio o apelido de Bate Pau.
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