HISTÓRIA ECONÔMICA DA CIDADE DE DIAMANTINA / MG
Alessandro Borsagli
Puc – Minas
Fernanda Guerra Lima Medeiros
CEFET - MG
borsagli@gmail.com
Resumo
Sendo a economia um dos principais fatores para o desenvolvimento e o povoamento de uma
região, então se uma região apresenta uma economia estável, propiciada pela exploração de
recursos naturais ou mesmo como entreposto comercial ela se torna atrativa para a migração
ocorrendo então um aumento populacional e urbano. Esse é o caso de Diamantina, já que
nessa cidade, seu crescimento urbano está estritamente ligado ao crescimento econômico. No
período colonial houve um maior controle populacional na cidade de Diamantina por parte da
Coroa, então detentora exclusiva da exploração dos diamantes no Distrito Diamantino. No
final do Século XIX ocorre um fluxo migratório para a cidade, em decorrência do crescimento
econômico proporcionado pela acumulação de capital oriundo da decadente exploração
then sole owner of the exploitation of diamonds in the Diamond District. In the late nineteenth
century is a migration to the city, due to the economic growth provided by the accumulation
of capital from the decadent diamond exploration. In the first decades of the twentieth century
the city suffered an economic stagnation and declining urban coming from the year 1950 due
to economic decline. In recent decades the economy is growing again, along with the city
network.
Keywords: Economic evolution, urban growth, diamonds.
INTRODUÇÃO
A Restauração da Independência de Portugal em 1640 encerrou com a dominação
espanhola sobre o Reino que durou sessenta anos. Portugal saiu da União Ibérica
economicamente arrasado. A economia açucareira, alicerce da economia portuguesa estava
desorganizada e grande parte dos entrepostos comerciais de Portugal no Oriente haviam sido
perdidos para outras nações que emergiam como potencias nesse período. Para manter as suas
colônias, responsáveis pela base de sua economia, Portugal se viu obrigado a se aliar a uma
das potencias emergentes no período e em 1642 é fechado o primeiro acordo entre Portugal e
Inglaterra.
Nas décadas seguintes o mercado do açúcar produzido nas colônias de Portugal ainda
não havia conseguido se organizar, principalmente pela baixa dos preços no mercado europeu
causada pelo açúcar das Antilhas Francesas e Holandesas. Junto com a decadência das
colônias vinha a decadência da Metrópole. O iminente colapso econômico que se projetava
forçou o Reino a encontrar uma solução para o déficit da balança comercial portuguesa. A
solução encontrada pelo reino foi o investimento em expedições pelo interior do Brasil em
busca do tão sonhado metal precioso, cuja existência já se conhecia através de relatos
fragmentados de alguns exploradores e caçadores de índios provenientes de São Paulo. Foi
necessário quase um quarto de século para a descoberta de ouro em parte do território que
hoje pertence ao estado de Minas Gerais.
A descoberta de ouro no interior do Brasil no final do Século XVII reacendeu a
economia portuguesa, em franca decadência, conforme dito anteriormente desde meados do
Século XVII devido à concorrência dos produtos oriundos das colônias inglesas, holandesas e
francesas nas Américas. Isso levou a um imediato deslocamento de grandes contingentes
populacionais para a região das Minas. Uma conseqüência desse deslocamento foi o
surgimento de numerosos núcleos urbanos nas imediações das áreas de mineração. Ao longo
dos anos, alguns desses núcleos, estrategicamente situados em áreas onde a Coroa pudesse
manter controle, foram crescendo e se fortalecendo economicamente sendo que alguns deles
foram elevados à condição de Vila. Na região do Serro Frio apareceram inúmeros núcleos
mineradores que com o tempo se tornaram arraiais, como por exemplo, o Arraial do Tejuco,
atual Diamantina.
Desde a sua fundação, a cidade de Diamantina sempre desempenhou um papel central
na região do Alto Jequitinhonha. A descoberta de diamantes na região do Arraial do Tejuco,
fez com que a Coroa desempenhasse um maior controle da região, uma vez que um grande
contingente populacional se deslocou para a região atrás das riquezas provindas do garimpo.
O comércio do arraial, desde os tempos coloniais sempre foi forte e abastecia todo o norte
mineiro. O arraial adquiriu formas bem distintas em relação aos demais centros urbanos da
capitania de Minas Gerais surgidos no mesmo período, tanto na sua organização social, como
na organização econômica e política1
.
Durante sua história, a cidade de Diamantina passou por alguns períodos de
prosperidade econômica, com forte desenvolvimento do comércio, extração e lapidação de
minerais preciosos, períodos de estagnação econômica e até crises. As marcas destes
diferentes períodos econômicos de Diamantina estão refletidas no traçado urbano e nas
características das edificações. Para se que possa compreender melhor estes períodos
econômicos eles foram divididos em quatro períodos, porem ligados entre si, ainda lembrando
que o crescimento econômico está estritamente ligado ao crescimento urbano.
1º Período: Da fundação do Arraial do Tejuco até o término do período dos Contratadores no
final de 1771.
O Arraial do Tejuco, atual Diamantina, surgiu como os outros núcleos urbanos do seu
tempo em decorrência da existência e posterior exploração aurífera.
Estes arraiais que foram proliferando ao ritmo das descobertas de novos veios nos regatos e
grupiaras espalhavam-se por áreas contíguas e por conta disso foram compondo uma rede
urbana “ao longo dos caminhos e estradas nas encruzilhadas ou nas travessias de cursos
d‟água, a margem dos locais onde o ouro e o diamante eram encontrados” (SILVA TELLES,
1
Fundação João Pinheiro, vol. 9, n° 7, p. 466, jul. 1979.
1978, p.46). Normalmente os arraiais, que se assentavam ao redor de capelas, orientavam-se
pelos caminhos, configuração que se observa nos primeiros núcleos de povoamento, como
lemos nas palavras de Silvio de Vasconcellos:
(...) suas ruas são sempre antigas estradas. Por isso mesmo, foram a princípio chamadas de rua da
Praça, da Matriz, da Câmara, etc. Não porque nelas se localizassem estas edificações, mas porque
a elas conduziam. Por isso mesmo ainda hoje os habitantes da zona rural tratam a cidade como „a
rua‟, no singular, como uma reminiscência do trecho único da estrada onde se construíram
estabelecimentos comerciais. „Vou à rua fazer compras‟, dizem. E, realmente, à rua quase só vão
com essa finalidade (VASCONCELLOS, 1959)
Inicialmente o núcleo primitivo do Tejuco assentou-se na vertente do Córrego São
Francisco onde se localizam as ruas de Santa Catarina e do Burgalhau. A ocupação se deu
nesse local por estar próximas às lavras auríferas e pelo fato de que a estrada de acesso a Vila
do Príncipe e a Vila Rica, então capital da Província, cortar o arraial. É por ela que chegavam
os víveres necessários para a sobrevivência da população do arraial. As cidades mineiras do
Século XVIII surgiram todas pelos caminhos abertos pelos primeiros exploradores. Os
caminhos que interligavam os arraiais e que posteriormente transformaram-se em estra
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