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terça-feira, 10 de julho de 2018

História econômica da cidade de Diamantina

HISTÓRIA ECONÔMICA DA CIDADE DE DIAMANTINA / MG Alessandro Borsagli Puc – Minas Fernanda Guerra Lima Medeiros CEFET - MG borsagli@gmail.com Resumo Sendo a economia um dos principais fatores para o desenvolvimento e o povoamento de uma região, então se uma região apresenta uma economia estável, propiciada pela exploração de recursos naturais ou mesmo como entreposto comercial ela se torna atrativa para a migração ocorrendo então um aumento populacional e urbano. Esse é o caso de Diamantina, já que nessa cidade, seu crescimento urbano está estritamente ligado ao crescimento econômico. No período colonial houve um maior controle populacional na cidade de Diamantina por parte da Coroa, então detentora exclusiva da exploração dos diamantes no Distrito Diamantino. No final do Século XIX ocorre um fluxo migratório para a cidade, em decorrência do crescimento econômico proporcionado pela acumulação de capital oriundo da decadente exploração then sole owner of the exploitation of diamonds in the Diamond District. In the late nineteenth century is a migration to the city, due to the economic growth provided by the accumulation of capital from the decadent diamond exploration. In the first decades of the twentieth century the city suffered an economic stagnation and declining urban coming from the year 1950 due to economic decline. In recent decades the economy is growing again, along with the city network. Keywords: Economic evolution, urban growth, diamonds. INTRODUÇÃO A Restauração da Independência de Portugal em 1640 encerrou com a dominação espanhola sobre o Reino que durou sessenta anos. Portugal saiu da União Ibérica economicamente arrasado. A economia açucareira, alicerce da economia portuguesa estava desorganizada e grande parte dos entrepostos comerciais de Portugal no Oriente haviam sido perdidos para outras nações que emergiam como potencias nesse período. Para manter as suas colônias, responsáveis pela base de sua economia, Portugal se viu obrigado a se aliar a uma das potencias emergentes no período e em 1642 é fechado o primeiro acordo entre Portugal e Inglaterra. Nas décadas seguintes o mercado do açúcar produzido nas colônias de Portugal ainda não havia conseguido se organizar, principalmente pela baixa dos preços no mercado europeu causada pelo açúcar das Antilhas Francesas e Holandesas. Junto com a decadência das colônias vinha a decadência da Metrópole. O iminente colapso econômico que se projetava forçou o Reino a encontrar uma solução para o déficit da balança comercial portuguesa. A solução encontrada pelo reino foi o investimento em expedições pelo interior do Brasil em busca do tão sonhado metal precioso, cuja existência já se conhecia através de relatos fragmentados de alguns exploradores e caçadores de índios provenientes de São Paulo. Foi necessário quase um quarto de século para a descoberta de ouro em parte do território que hoje pertence ao estado de Minas Gerais. A descoberta de ouro no interior do Brasil no final do Século XVII reacendeu a economia portuguesa, em franca decadência, conforme dito anteriormente desde meados do Século XVII devido à concorrência dos produtos oriundos das colônias inglesas, holandesas e francesas nas Américas. Isso levou a um imediato deslocamento de grandes contingentes populacionais para a região das Minas. Uma conseqüência desse deslocamento foi o surgimento de numerosos núcleos urbanos nas imediações das áreas de mineração. Ao longo dos anos, alguns desses núcleos, estrategicamente situados em áreas onde a Coroa pudesse manter controle, foram crescendo e se fortalecendo economicamente sendo que alguns deles foram elevados à condição de Vila. Na região do Serro Frio apareceram inúmeros núcleos mineradores que com o tempo se tornaram arraiais, como por exemplo, o Arraial do Tejuco, atual Diamantina. Desde a sua fundação, a cidade de Diamantina sempre desempenhou um papel central na região do Alto Jequitinhonha. A descoberta de diamantes na região do Arraial do Tejuco, fez com que a Coroa desempenhasse um maior controle da região, uma vez que um grande contingente populacional se deslocou para a região atrás das riquezas provindas do garimpo. O comércio do arraial, desde os tempos coloniais sempre foi forte e abastecia todo o norte mineiro. O arraial adquiriu formas bem distintas em relação aos demais centros urbanos da capitania de Minas Gerais surgidos no mesmo período, tanto na sua organização social, como na organização econômica e política1 . Durante sua história, a cidade de Diamantina passou por alguns períodos de prosperidade econômica, com forte desenvolvimento do comércio, extração e lapidação de minerais preciosos, períodos de estagnação econômica e até crises. As marcas destes diferentes períodos econômicos de Diamantina estão refletidas no traçado urbano e nas características das edificações. Para se que possa compreender melhor estes períodos econômicos eles foram divididos em quatro períodos, porem ligados entre si, ainda lembrando que o crescimento econômico está estritamente ligado ao crescimento urbano. 1º Período: Da fundação do Arraial do Tejuco até o término do período dos Contratadores no final de 1771. O Arraial do Tejuco, atual Diamantina, surgiu como os outros núcleos urbanos do seu tempo em decorrência da existência e posterior exploração aurífera. Estes arraiais que foram proliferando ao ritmo das descobertas de novos veios nos regatos e grupiaras espalhavam-se por áreas contíguas e por conta disso foram compondo uma rede urbana “ao longo dos caminhos e estradas nas encruzilhadas ou nas travessias de cursos d‟água, a margem dos locais onde o ouro e o diamante eram encontrados” (SILVA TELLES, 1 Fundação João Pinheiro, vol. 9, n° 7, p. 466, jul. 1979. 1978, p.46). Normalmente os arraiais, que se assentavam ao redor de capelas, orientavam-se pelos caminhos, configuração que se observa nos primeiros núcleos de povoamento, como lemos nas palavras de Silvio de Vasconcellos: (...) suas ruas são sempre antigas estradas. Por isso mesmo, foram a princípio chamadas de rua da Praça, da Matriz, da Câmara, etc. Não porque nelas se localizassem estas edificações, mas porque a elas conduziam. Por isso mesmo ainda hoje os habitantes da zona rural tratam a cidade como „a rua‟, no singular, como uma reminiscência do trecho único da estrada onde se construíram estabelecimentos comerciais. „Vou à rua fazer compras‟, dizem. E, realmente, à rua quase só vão com essa finalidade (VASCONCELLOS, 1959) Inicialmente o núcleo primitivo do Tejuco assentou-se na vertente do Córrego São Francisco onde se localizam as ruas de Santa Catarina e do Burgalhau. A ocupação se deu nesse local por estar próximas às lavras auríferas e pelo fato de que a estrada de acesso a Vila do Príncipe e a Vila Rica, então capital da Província, cortar o arraial. É por ela que chegavam os víveres necessários para a sobrevivência da população do arraial. As cidades mineiras do Século XVIII surgiram todas pelos caminhos abertos pelos primeiros exploradores. Os caminhos que interligavam os arraiais e que posteriormente transformaram-se em estra

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