ANTÔNIO TORRES (31/10/1885 – 17/07/1934)
Antônio dos Santos Torres, nascido em 31 de Outubro de 1885 na cidade de Diamantina – MG, filho do ourives Vicente Pereira Guimarães Torres e Maria Amélia dos Santos Torres, obteve sua formação na Escola Normal e no Seminário de Diamantina, onde completou sua formação em 1902. Estudou latim com o Juiz de Direito da Comarca, obtendo as ordens sacramentais de menorista e presbítero, este último em 21 de Abril de 1908, através de licença especial, pois não havia completado os 24 anos de idade exigidos para o sacerdócio. No Seminário foi professor de português, latim, geografia, música e catecismo. Foi colaborador de alguns jornais como “A Estrela Polar”, “Pão de Santo Antônio”, “Voz de Diamantina”, “A Idea Nova” e “Diamantina”. Homem inteligente e de opiniões polêmicas, tinha alguns atritos devido suas publicações, o que acarretou sua transferência para o Rio de Janeiro e consequente abandono do sacerdócio em 1912, depois de alguns incidentes oriundos de fortes publicações contra a catequese de índios por sacerdotes franceses.
No ano de 1918, Antônio Torres ingressa na carreira consular e em 1920 assume funções no Consulado Geral em Londres. Em 1923 regressa ao Rio de Janeiro a chamado do governo e passa a colaborar com os jornais “Gazeta de Notícias” e “A Manhã”. Em 1926 retorna a Londres e em 1929 é transferido para Hamburgo (Alemanha), onde continuou escrevendo seus artigos acerca de assuntos da atualidade política e social da Europa. Faleceu no dia 17 de Julho de 1934, seu corpo foi transferido para o Brasil e enterrado em Diamantina – MG, sua cidade natal.
Obras de Antônio Torres:
Carmem Tropicale – 1915 (Coletânea de Poemas)
Correspondências de João Epíscopo – 1917 (Artigos endereçados a personalidades, lançado por Odoasto Godoy)
Verdades Indiscretas – 1920 (Coletânea de crônicas lançadas no jornal A Notícia).
Viagem ao redor das Mulheres – 1920 (Comédia escrita junto com Bastos Tigres e encenada no Teatro Lírico pela Companhia Leopoldo Froes).
Pasquinadas Cariocas – 1921
Prós & Contras – 1923
As Razões da Inconfidência – 1924
Dados retirados do acervo da Biblioteca Antônio Torres.
Ederlaine A Seixas - Historiadora - Fuc. B. A. T. / IPHAN-MG
Marcelo Coimbra Tavares (especial para o Diário de Minas).
Há muito tempo que escrevo sobre Antônio Tôrres, o temido panfretário diamantinense. Gatão Druis, com o carinho especial que só as grandes amizades justificam, publicou um volume das cartas de Tôrres. Valioso Subsídio para a biografia do escritor. Rico documentário humano em que as cartas marcadas de certa nostalgia, geográfica (Tôrres foi diplomada na maturidade), revelam o outro lado do polemista. Nelas surge um Antônio Tôrres sentimental, lírico, piedoso. É preciso ler as cartas escritas no voluntário exílio de Tôrres. Elas traduzem as dimensões espirituais, a ampla e universal visão do ex-seminarista de Diamantina. Carta a amigos não são epístolas de amor são retratos, frasnes da alma. Há na correspondência de Antônio Tôrres uma universalidade de assuntos a indicar a substância espiritual de que nutria na solidão de ouro que é a diplomacia . Longe das rodas de chopp no Bar Nacional ou na Americana, sem as longas e adoráveis teriulias nas redações dos jornais cariocas, ainda na fase do jornalismo heroíco, o filho do lúcido ourives Vicente Tôrres se sublimava. A meiguice o fazia lembrar-se das crianças e das flores, aliás as crianças e as flores constituíram o binômio sentimental do barulhento cronista.
Está ainda por ser escrito ainda a biografia de Tôrres. Contemporâneos seus aí estão para informes seguros Agripino Grieco, que tanto o admirava , Gastão Gruis, Mário Matos, Alberto Deodato, Gilberto Amado, Aureliano Brandão, amigo desde os tempos de juventude em Diamantina, Thales da Rocha Viana são testemunhas vivas e explêndidas das sagas e do folclore sobre o autor de "As Pasquinadas Cariocas".
Trazemos hoje modéstia contribuição para a biografia de Tôrres, é um fato inédito e por isso mesmo revestido em sabor jornalistico implícito e intrínsco em tudo que escrevemos.
Vive no interior de Minas o Padre que lhe ministrou nos últimos sacramentos. Fui encontrá-lo, por acaso em uma das constantes andanças pelo chão de Minas, é o padre Carlos Greiner, asutríaco de nascimento, vigário de Conselheiro Pena, no Vale do Rio Doce.
Em 1984, data da morte de Tôrres em Hamburgo, o padre Carlos estava de viagem marcada para a Alemanha. O Comandante da Polícia Militar de Minas Gerais, Cel. Vicente Tôrres Júnior, pediu-lhe para obter notícias de seu irmão. Em Hmaburgo procurou o consulado geral do Brasil, tendo sido devidamente informado em um hospital de luteranos por uma judia cuja cada Tôrres tinha residido. Por um tolo preconceito religioso a direção do Hospital Protestante não permitia o ingresso de sacerdotes católicos. Seis padres alemães tentaram sem resultados, avistar-se com o enfermo. Com diplomacia e insistência o vigário de Imbé (Caratinga) conseguiu a licença luterana para visitar Tôrres.
Padre Carlos falou em português e Tôrres respondeu em alemão. Já estava familiarizado com o idioma local. Contesta o sacerdote austríaco a afirmativa de Gastão Gruis de que Tôrres não estava mais lúcido.
Antonio Tôrres em Pleno uso de suas faculdades mentais, distinguindo bem os objetos, falando pausadamente, confessou-se contritamente, teve uma conversa franca. Abriu a alma uma confissão completa. Era a reconciliação plena e solene com a igreja católica apóstólica romana. Apesar de ter deixado a batina Tôrres nunca deixou a igreja. Não permitia que falassem mal da igreja em sua presença. Conservou através dos anos das dura vissicitudes da vida, a religiosidade. Nas obras de meditação. No silêncio depressivo dos seus aposentos do Celibatário Tôrres parecia ouvir os harmônicas e velhos sinos de Diamantina. Os sinos de bronze cantavam Aleluia de ouro na alma inquieta do padre que abandonara a batina em um momento de ira contra a mediocridade clerical dos bem pensantes da hierarquia.
Antônio Tôrres confessou-se e recebeu a extrema unção do fato o padre Greiner lavrou uma ata, devidamente assinada por testemunhas. Houve encomendações do corpo por sacerdote católico.
Diz o padre que assistiu os últimos momentos de Antônio Tôrres que o escritor beijou o crucifixo com o olhar banhado de lágrimas. Persignou-se, suspirou fundo, olhou os circunstantes, virou o rosto e dormiu para não acordar.
Reinvindica o vigário de Conselheiro Pena, Padre Carlos Greiner, que seja acrescentado na Lapide Mortuária de Antônio Tôrres o título de padre, pois ele morreu plenamente reconciliado com a Igreja.
Assim se completa o destino do grande demolidor de ídolos, Padre Antônio Tôrres, como quer o seu colega austríaco mergulhado nas longinguas paragens de Conselheiro Pena, no Vale do Rio Doce.
Voz de Diamantina, pág. 4, nº37, Diamantina, 1984.
Antonio Tôrres em Pleno uso de suas faculdades mentais, distinguindo bem os objetos, falando pausadamente, confessou-se contritamente, teve uma conversa franca. Abriu a alma uma confissão completa. Era a reconciliação plena e solene com a igreja católica apóstólica romana. Apesar de ter deixado a batina Tôrres nunca deixou a igreja. Não permitia que falassem mal da igreja em sua presença. Conservou através dos anos das dura vissicitudes da vida, a religiosidade. Nas obras de meditação. No silêncio depressivo dos seus aposentos do Celibatário Tôrres parecia ouvir os harmônicas e velhos sinos de Diamantina. Os sinos de bronze cantavam Aleluia de ouro na alma inquieta do padre que abandonara a batina em um momento de ira contra a mediocridade clerical dos bem pensantes da hierarquia.
Antônio Tôrres confessou-se e recebeu a extrema unção do fato o padre Greiner lavrou uma ata, devidamente assinada por testemunhas. Houve encomendações do corpo por sacerdote católico.
Diz o padre que assistiu os últimos momentos de Antônio Tôrres que o escritor beijou o crucifixo com o olhar banhado de lágrimas. Persignou-se, suspirou fundo, olhou os circunstantes, virou o rosto e dormiu para não acordar.
Reinvindica o vigário de Conselheiro Pena, Padre Carlos Greiner, que seja acrescentado na Lapide Mortuária de Antônio Tôrres o título de padre, pois ele morreu plenamente reconciliado com a Igreja.
Assim se completa o destino do grande demolidor de ídolos, Padre Antônio Tôrres, como quer o seu colega austríaco mergulhado nas longinguas paragens de Conselheiro Pena, no Vale do Rio Doce.
Voz de Diamantina, pág. 4, nº37, Diamantina, 1984.
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