Fica localizada de frente para a Rua do Carmo e ao lado da Rua do Contrato. É uma da igrejas mais ricas e misteriosas de Diamantina por tantos mitos que são guardadas por ela. Erguida sob a invocação de Nossa Senhora do Carmo. Foi contruída pelos Irmãos da Ordem Terceira ao erário de João Fernandes o contratador. João Fernandes, prior da irmandade em 1759 e 1765, insistiu em que a igreja fosse levantada junto á casa do Contrato, apesar da posição pouco favorável. Tanta pressão que os irmãos anunciaram que não contribuiriam para a construção do templo. João Fernandes assumiu a responsabilidade do custeio da obra, erguendo-a em 1751 onde a sua vontade desejava, isto é, em frente á casa do Contrato.
Segundo Silvio Vasconcelos, o nome primitivo desta igreaj era "Capela de São Francisco de Paula da Ordem Terceira de Nossa Senhora do Carmo".
A igreja sofreu várias modificações (1819-1830-1859-1898-1932) até que foi definitivamente restaurada pelo Serviço do Patrimônio Histórico e Artistico Nacional. A restauração coube levar a tôrre do sino para trás do templo, que a Irmandade em certa ocasião transportara pra a frente da igreja.
Diz a lenda que a sineira fora originariamente colocada desse modo a pedido de Chica da Silva - cuja essa ficava próxima, a fim de que o badalar do sino não lhe perturbasse o sono.
Dentro da igreja o ouro e tons sombrio das cores barrocas dão um toque de magia. No teto do vestíbulo, Simão Stock, o santo e nobre inglês está sendo alimentado por corvos no Monte Carmelo. No outro lado, Jesus multiplica o óleo da viúva de Sarepta. No teto da nave, rodeado de santos carmelitanos, o profeta Elias sobe aos céus espetacularmente sentado no carro de fogo, e entrega a capa ao discípulo Eliseu, perplexo diante do milagre.
As pinturas são da autoria do Guarda mor português, de Braga, José Soares de Araujo que é o autor da pintura e a quem a Irmandade encomendou em 1766 a decoração do arco da capela mor. Segundo os livros da Ordem Terceiro do Carmo, os Irmãos ajustaram depois com o mesmo artista as pinturas dos altares laterais, sacristia, etc.
Luis Jardim chama a atenção para a particularidade única encontrada nas pinturas da capela mor, onde o artista usou o dourado figurando como cor, o que talvez explique o "penumbrismo" do colorido, usado para servir de fundo ao ouro brilhante.
Também do Guarda Mor existe na sacristia um Santo Sudário pintado em 1766. Observa a nave com a mesa de comunhão completa, e o antigo órgão folheado a ouro, feito em 1782 pelo Padre Almeida e compositor sacro alferes José Joaquim Emérico Lobo de Mesquita, famoso internacionalmente. Este ´rogão possui 780 flautas. Recentemente foi restaurada na Europa e hoje se encontra de novo na Igreja do Carmo em Diamantina.
O compositor Lobo de Mesquita costumava tocar na missa em mi bemol de sua autoria com nada menos de cento e noventa e cinco "Glória Dei", atualmente conhecida e executada em vários países da Europa e América. Entre outras coisas o músico diamantinense compôs quatro Orações á Virgem, uma Litania, um Te-Deum e duas missas de Réquiem.
Os altares laterais, o belo efeito da talha de ouro burilado, processo peculiar ao Guarda Mor, que costumava fazer a parte de dentro fôsca e a de fora brilhante. No altar do lado direito, grande imagem da mística espanhola Teresa de Jesus, cujo coração, impregnado de amor divino, até hoje se conserva, intacto, na cidade de Avila. No mesmo alta, relicário folheado a ourocom três corações vermelhos, e imagem de Santa Quitéria, outrora pertencente á capelinha aprticular que João Fernandes mandou fazer para Chica da Silva, impossibilitada de frequentar a Igreja do Carmo, por ser mulata. Quitéria foi um nome dado a uma das filhas de Chica da Silva.
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